Como a maioria dos meus amigos sabe, trabalho na AACD ( Associação de Assistência à Criança Deficiente). Faço atendimento e reabilitação de pacientes amputados. Nessa última semana, fui surpreendido com um pedido sui gêneris de uma prótese. O paciente é um poeta popular e me fez a solicitação na forma de versos. Segue o texto que recebi para apreciação de vocês:
Deus transforma o ódio em alegria
Sou filho de Deus, amo a Verdade
Tenho paz, tenho amor e liberdade
Sem ter Deus, nada disso eu teria
Consegui me formar em Ortopedia
Tenho casa, família e vivo bem
Não consigo negar nada a ninguém
Para ser hoje o que sou, Deus me escolheu
O que sou, o que tenho foi Deus que me deu
E por isso, ajudo a quem não tem.
Deus é grande, pequenos somos nós
Deus está no humilde e pequenino
Quando nasce, ele já sabe o destino
Tranqüiliza o instinto mais feroz
Tempestade obedece a sua voz
Fez milagres indo à Jerusalém
Curou cego que não via ninguém
Pela fé, deu perdão a Zaqueu
O que sou, o que tenho foi Deus quem me deu
E por isso, eu ajudo a quem não tem
Doutor, através desses versinhos
Lhe peço com humildade
A prótese para a minha perna
Que está somente a metade.
Também sou filho de Deus
Confio em sua bondade
Doutor, eu não quero prótese
Para correr e nem ser atleta
Quero só poder andar
Que é muito feio um poeta
Se apresentar para o público
Com uma perna incompleta
Poeta Biu salvino de Macaparana