terça-feira, 24 de maio de 2011

No dia de minha morte

           No dia de minha morte despertarei disposto e tranqüilo.
           Tomarei um café da manhã com sabor de infância feliz. Vestirei uma roupa leve e sem camisa. Estará chovendo. Darei a mão à chuva e dançarei consigo.
          A água que alimenta, também equilibrar-me-á os humores, removerá a tristeza, eliminará o restim de melancolia, os nãos rejeitados, os sins infelizes, os por quês não explicados.
          No dia de minha morte viajarei pelas mais belas paisagens terrestres e planetárias; comerei sem preocupação com o açúcar ou o colesterol, e cantarolarei rouco, desafinado e firme... em voz alta, claro!
          A água que do céu viaja trará consigo a força antípoda da energia do fogo que me faz queimar, arder de satisfação por ter vivido, sentido e encontrado com quem convivi, por quem senti e compartilhei fluídos quânticos de prazer e/ou idéias, conduzindo-me a excelência de ser homem que faz de seus medos, a arma mais combativa e eficaz, na caminhada terrena.
           Esse fogo que tanto me aquece o coração, por tantas e tantas vezes, conduzindo a lançar-me sem escrúpulos moralistas, ao sabor do não, bem aceito, do sim, certeiro, sem explicações vis.
          Esse fogo em mim aceso pelo vento norte, vento sul, vento de todas as direções e que me aproxima dos pássaros, fomentando diuturnamente em mim, vivendo e degustando o sentimento que mais amo e venero – a liberdade!
          No dia que eu morrer, quero cinzas de mim. As cinzas? Que sejam distribuídas nos banquetes dos corruptos, insensatos e maus de coração tirando-lhes a risada falsa, a alegria maldita, a volúpia infame.
          Noutra parte, entreguem-lhes nos braços do mar, no colo de Iemanjá onde repousarei.
         O tiquim que sobrar, juntem-nas as sementes de flanboyants e as semeiem nos solo de minha terra querida, perto de minha gente e dos meus.
         No dia de minha morte, quero festa. Sanfona, zabumba e triângulo tiniiiinndo.
         Aos presentes, bolo de puba, milho e batata doce. Para não engasgar, suco de qualquer coisa.
         Não deixem faltar cachaça da branca e da amarela, esta última, curtida no carvalho.
         Aos amigos de vida, peço apenas um brinde com os dizeres: - Pense n’um caba arretado!!!!
        A morte é a primeira gota de vida, é o passo seguinte, é a renovação diária, é o que afasta da ignorância, da estagnação e da inércia; é aprendizado, é maturidade, é sabedoria.
       A morte é quem dirige o belo espetáculo da vida.

Júlio Lima
Médico/Professor

domingo, 22 de maio de 2011

EU E DEUS

EU E DEUS




Amar a Deus
É fidelidade
É feição
É coragem
É ação
É sorriso


Acreditar em Deus
É estado de vigília
É fazer por onde
É vencer-se
É ir além
É permanecer forte


Seguir a Deus
É enxergar além de um palmo
É viver com ética em tempo integral
É arregaçar as mangas para labuta
É ter o pé no chão


Ter Deus
É compartilhar conhecimento
É ter a justiça como norte
É ter o coração firme e forte
É oferecer o verbo, o ombro
É enxergar-se num irmão


Estar com Deus
É ter paz

Júlio Lima ( agosto/09)