sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Redescubra-se


Redescobrir-se

Mais um ano parte e vai ocupar seu lugar na memória.  Muita ou alguma risada, muito ou algum choro, mas certamente a sensação de mais uma ponte ultrapassada. Pois é! E o mundo nem acabou.
O olhar mira o horizonte que nada nos revela a não serem, incertezas.
Hoje, na estrada, entre carros e canaviais pensava o que desejaria aos meus amigos queridos e refletindo, lembrei-me de uma canção de Gonzaguinha, imortalizada por Elis chamada Redescobrir.
Isso aí, achei o que quero desejar a todos que compartilharam ou compartilham algum tempo de sua vida comigo, instantes ou jornadas. Desejo que você se REDESCUBRA em 2013.
Desejo que a alegria de uma brincadeira de roda lhe reencontre quando a fadiga se aviste;
Que suas mãos produzam tanto quanto acariciem;
Que o amor por alguém seja um crescente e uma constante e que possa ser refletido em  momentos intensos e felizes;
Que a vida nunca seja morna, que a face do outro seja refletida na sua e que faça sempre pelo outro o que seria de sua vontade que fizessem consigo;
Que fareje o perigo e que dele possa desviar com a força do amor, da fé e da oração;
Que cuide se seu corpo como seu templo e sopro de vida;
Que beije muito, que sensualize e mantenha-se em dia com seus hormônios e humores;
Que você cante sem se importar com o tom ou afinação, mas com alegria e que dance com movimentos largos e livres;
Que a meditação seja diária e que aprenda a ouvir o que o coração desejar-lhe falar;
Que sonhos sejam realizados, projetos concretizados e ambições refeitas;
Que a consciência de nossa condição humana traga a certeza que devemos cuidar de nossa casa que é o planeta, assim como de seus habitantes;
Que tenha a força de uma fênix, superando todas as dificuldades que vierem;
Que enxergue que essa força de superação está e sempre esteve em nós mesmos;
Que se lembre diariamente que somos filhos de Deus e que temos responsabilidade sobre isso;
Que tenha força suficiente para oferecer a mão a um irmão, amigo ou transeunte;
Que o tempo lhe seja mãe e lhe traga juventude;
E que a vida chegue a doer de tanto prazer.
 Júlio Lima
Médico/ Professor
Inspirado na canção redescobrir de Gonzaguinha

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Desenvolvimento para que?


Quase concomitantemente, vejo duas notícias que me chamaram a atenção nessa semana que se passou: Mais um massacre de civis inocentes, na maioria crianças indefesas, nos Estados Unidos da América, por um louco fortemente armado e o nordestino é o povo mais feliz no Brasil. Se o Nordeste Brasileiro fosse um país estaria entre os dez mais felizes do mundo.
Esses fatos podem nos levar a várias reflexões, de toda e qualquer ordem. Como gosto muito de geopolítica, economia e relações humanas, trilharei esse caminho.
Observamos uma perseguição doentia dos países pelos indicadores de crescimento econômico, receio de recessão, medo de cair no “ranking” dos mais bem sucedidos e corrida frenética, patética e patológica por aumento da produtividade em todos os setores.
As cidades (principalmente as do continente americano e asiático) buscam cada vez mais crescimento e progresso.  Vende-nos a ideia que felicidade é diretamente proporcional à posição que assumimos no grupo social que convivemos, nossa conta bancária, quantidade de metal que possuímos, grifes que vestimos, automóveis que usamos, ambientes que frequentamos.
Imagino, no entanto, que está tudo errado. O que era para ser, simplesmente não é. Essa conta matemática não fecha. Venderam e compramos a mentira no que se refere ao progresso e poder aquisitivo trazer felicidade.
Se assim fosse, não era para ocorrer suicídios em demasia no Japão e países nórdicos, bandidos sem causa nos EUA que mata e morre por causa nenhuma, infelicidade e terror em São Paulo, maior e mais rica metrópole brasileira.
Pergunto-me que ganho teve o cidadão comum das grandes cidades com seus crescimentos desordenados e chegada do progresso? No Nordeste, o que diriam os filhos de Fortaleza, Recife e Salvador, por exemplo.
Questiono-me mais ainda por que cidades como João Pessoa, Natal e Aracajú estão caminhando para o mesmo destino? Já que encontrarão em um futuro muito próximo a mesma dificuldade de mobilidade com trânsito insano lento e violento, favelização dos morros e encostas, aumento do índice de criminalidade, pedintes e miseráveis em todos os semáforos, aumento do custo de vida, maior distanciamento entre a residência e o trabalho ou estudo, menor tempo para dedicar-se aos seus, desvalorização dos produtos locais e regionais em favor dos importados de menor qualidade, degradação das relações pessoais que passam a serem impessoais e burocráticas demais, burocratização crescente dos serviços públicos, verticalização dos bairros jogando o cidadão comum para as periferias, destruição, desertificação e violência das regiões centrais.
Na Europa, a maioria das cidades possui porte mediano e há uma preocupação local para deter a expansão predatória que certamente desaguaria na perda da qualidade de vida. Sua viabilidade econômica é garantida na medida em que descobre sua principal vocação (fomento de pesquisa e tecnologia, gastronomia e turismo, industrial, etc) e se dedica a ela de forma sustentável.
No entanto, assistimos atualmente essa mesma Europa enfrentar uma das maiores crises de sua história. Atribuímos, parte desse sufoco enfrentado pelo velho continente ao crescimento de países que, juntamente com os Estados Unidos, impõem uma rotina acelerada de trabalho, priorizando a produção de bens de consumo duráveis e/ou descartáveis e de serviços com extensa carga horária de trabalho que leva a degradação do material humano furtando-lhe os melhores e mais saudáveis anos de sua vida.
Óbvio que queremos progresso e desenvolvimento, no entanto, elas não podem vir à custa da saúde e da vida de nosso povo. Estamos fazendo o país crescer e morrendo a cada dia de solidão, desapego, indiferença com os demais, doenças laborais e depressão.
O ritmo de produção nos parques industriais e a competitividade no mundo corporativo nas empresas dos países com crescimento acelerado têm aumentado proporcionalmente ao número de doenças e doentes ocupacionais e psicossociais. Há uma tentativa obscena de mecanização do homem. Nunca o homem foi tão lobo do homem como nesse nosso tempo.
Estamos com nossas vidas entregues nas mãos de grandes organizações corporativas, muitas delas europeias inclusive, que impondo ao mundo o modelo de economia canibal, principalmente nos países ditos em desenvolvimento, se veem diante e vítima do monstro por eles criado. Ganha mais quem especula, ou seja, o feitiço recai sobre o feiticeiro.
No entanto, não creio que a perda de direitos trabalhistas e arrocho salarial e fiscal sobre a população europeia seja a solução para o problema que eles mesmos criaram. Temos que fazer a hora e aproveitarmos a oportunidade para ao invés de apenas assistirmos a agonia do outro lado do atlântico, combater esse modelo de política e economia imposto ao mundo, aonde o ser humano é o maior perdedor. Não só garantir a manutenção dos direitos e desenvolvimento sustentável para eles, assim como, fazer com que essa conquista seja compartilhada com os filhos dos demais continentes.
Os países asiáticos com sua disciplina cega se ergueram como verdadeiros dragões e agora lançam fogo para todo o planeta fomentando juntamente com os Estados Unidos, a concepção de grandes metrópoles como símbolo de crescimento e virilidade econômica.
Nessa guerra monetária e modelo desenvolvimentista de megacidades e aglomerados humanos perde o cidadão comum. Este ver sua liberdade subtraída, passa a residir em celas gradeadas e portões altos ou deixam o chão e trepam-se em prédios esteticamente bonitos e pouco confortáveis. Verticalizam-se inclusive as relações, cada vez mais educadas, formais e pouco humanas.
Você então diria: E o nordestino aonde se encaixa nesse contexto?
O nordestino é um povo que trás em sua constituição genética, o gen da resistência. Mesmo com o que foi feito com Recife, salvador e Fortaleza e querem fazer com outras cidades. Esse povo, mesmo assim, luta e se nega a abrir mão de sua alegria, de sua força mansa, de sua visão e crença do que é felicidade e do que necessita para encontrar-se com ela e dela ser companhia.
No Nordeste, o sol aquece os corações derretendo a frieza, o gelo dos modelos americanos, europeus e asiáticos de enxergarem e viverem a vida aonde o lucro, a mais valia e a baixa temperatura das relações humanas impera. Muita cordialidade e muito distanciamento entre os homens.
 O Nordeste brasileiro estampa para o mundo que nem todo rico é necessariamente normal ou feliz. Que o trabalho de sol á sol carece de festança à luz da lua.
Nesse canto brasileiro encontra-se beleza no que parece feio, luz aonde parece escuridão. Um povo que consegue rir até do próprio sofrimento sem, no entanto, sucumbir.
A burocratização das relações humanas e o desvirtuamento de valores com hipertrofia das questões materiais em detrimento do bem-estar social e humano cria monstros solitários e homicidas que matam e morrem por nada.
Júlio Lima
Médico/ Professor

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Rolando Bodrin - Homenagem a Luiz Gonzaga

Hoje, recebi um grande presente do amigo e irmão Fábio Castor. Trata-se de um vídeo do Programa Sr. Brasil com Rolando Bodrim declamando o texto de Aldemar Paiva.
"OI MEU IRMÃO, QUANDO VI ESTE VIDEO, LEMBREI-ME LOGO  DAS CACIMBAS, DO EXU, DO CRATO DAS NOSSAS COISAS DO INTERIOR DO NOSSO NORDESTE, DA SÊCA, DA FOME, DA MISERIA DO NOSSO POVO, QUE MESMO SOFRENDO TANTO, SABE SE EXPRESSAR E COMOVER AOS OUVINTES. COM TODAS ESTAS LEMBRANÇAS, EU COMECEI A LEMBRAR DE VOCÊ E ME DEU UMA VONTADE DANADA DE REVE-LO E PRESENCIAR TEU SEMBLANTE AO OUVIR E VER ESTE VIDEO. POIS É MACHO VEIO, NÓS NUM SÓ TEMOS DOENÇA NÃO SENHOR, TEMOS MUITO PEITO PARA TER SAUDADE E SE EMOCIONAR COM UM VIDEO TÃO EXPRESSIVO.  UM GRANDE ABRAÇO, CHEIO DE FRATERNIDADE QUE SÓ OS QUE CONHECEM AQUELE PEDAÇO DE CHÃO SABEM SENTIR.  ABRACE TODO O STAFF DO PLANTÃO POR MIM - Fabio Castor)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Café Filosófico: Ética em tempo de mudança - Renato Janine Ribeiro

"Uma forte característica dos nossos tempos é a mudança. Um indivíduo pode até mais de uma vez mudar de país, mudar de profissão, mudar nos relacionamentos amorosos. Os valores que valiam ontem podem não valer amanhã. No curso de uma vida podemos viver de muitas maneiras diferentes. Como fica a ética diante dessa realidade? Como definir o certo e o errado onde tudo é instável? Renato Janine parte do princípio de que a ética não é um conjunto de regras a serem seguidas. A ética nasce do dilema e implica escolhas a cada momento. Renato Janine Ribeiro: Professor titular de Ética e Filosofia Política na USP, tem se dedicado à análise de temas como o caráter teatral da representação política, a idéia de revolução e a cultura política brasileira. Entre suas obras destaca-se A sociedade contra o social: o alto custo da vida pública no Brasil (Prêmio Jabuti, 2001). O programa Café Filosófico é uma produção da TV Cultura em parceria com a CPFL Energia."

Discurso proferido pela Dra. Vera Lopes na cerimonia de concessão de título de cidadão do Recife




                O Dr. Vicente Júlio Barbosa de Lima é Cearense, nascido na terra do padre Cícero, Juazeiro do Norte.  Quarto filho de seis, de José Ivan Ribeiro de Lima ( Motorista da Companhia de Eletricidade do Ceará – Coelce) e Maria Lalis Barbosa de Lima (costureira). Possui também uma segunda família, cujos patriarcas Raimundo Matias dos Santos e Joana Matias de Souza,  o acolheu ainda nas fraudas, convivendo com as duas famílias simultaneamente, as quais são responsáveis por sua formação.
                Viveu sua infância entre sua cidade natal e a fazenda  Cacimbas no município de Assaré, aonde aprendeu suas primeiras letras com tia Lúcia, professora dos agricultores.
                No Juazeiro do Norte, Dr. Júlio iniciou seus estudos no Ginásio Monsenhor Macêdo, colégio religioso de freiras muito importante em sua formação moral e religiosa.
                Aos 10 anos, mudou-se com toda família para a capital cearense, pois seus pais buscavam uma melhor educação para os filhos. Em Fortaleza, completou seu 1° grau em um colégio no bairro que morava, Escola Medalha Milagrosa da Casa de Nazaré.
                No seu último ano na instituição foi inscrito pela diretora, irmã Luiza, de surpresa, na Olimpíada Cearense de matemática. Fato este que fora um divisor de águas em sua vida estudantil, pois logrando o terceiro lugar daquele concurso, recebera uma bolsa de estudos para todo o segundo grau em um dos maiores colégios da cidade – Colégio Farias Brito.
                Foi um estudante atuante política e culturalmente, sendo presidente do grêmio estudantil e integrante do grupo de teatro do colégio.
                Dr. Júlio, como todo bom caririense, nutria uma grande admiração pela Zona da Mata Nordestina. Após participar da peça “ Morte e Vida Severina” do grande João Cabral de Melo Neto, essa admiração se convertia em  verdadeira paixão.
                Veio fazer seu primeiro vestibular no Recife, atraído pela grandiosidade cultural de nossa terra e o sangue quente de nossa gente, como costuma dizer.
                Foi aprovado no curso de medicina da antiga FESP, no entanto perdeu o período de matricula e a vaga na universidade.
                No ano seguinte, não lograra o mesmo êxito na Medicina, iniciando Fisioterapia na Universidade de Fortaleza e Administração na Universidade Estadual do Ceará. Fez grande parte do curso de Fisioterapia, chegando a estagiar no Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce da Universidade Federal do Ceará. Iniciava ali mais uma grande paixão: A reabilitação de pessoas deficientes e com comprometimentos neuromotores.
                No entanto, Dr. Júlio tinha na Medicina sua grande paixão e vocação. Mais uma vez deixa sua terra e vai fazer o curso de Medicina na cidade de Campina Grande, na Paraíba. Também com grande atuação política. Foi presidente do Diretório Acadêmico e membro do CINAEM ( Comissão Nacional Interestadual de Avaliação do Ensino Médico)
                Durante seu curso, Dr. Júlio atraído pelo Recife, inicia uma caminhada semanal para realizar estágios no Hospital da Restauração e Hospital Oswaldo Cruz. Nesse período, a paixão pelo Recife sedimentara em amor por nossa cidade.
                Após a conclusão da graduação de Medicina, Dr. Júlio segue mais uma vez para o Cariri cearense para segundo ele, quitar um pouco da dívida de gratidão que possui por sua terra e sua gente. Trabalha por um ano e meio na cidade de Santana do Cariri na chapada do Araripe, de onde recebeu homenagem da câmara dos vereadores daquela cidade por sua atuação junto às crianças e aos idosos no Programa de Saúde da Família do distrito de Brejo Grande.
                Seu retorno ao recife definitivamente, como gosta de afirmar, foi para realização da Residência Médica em Traumatologia e Ortopedia no Hospital Getúlio Vargas, preterindo cidades como São Paulo e Brasília aonde também havia sido aprovado.
                No Hospital Getúlio Vargas ainda fizera mais uma Residência Médica em Ortopedia Pediátrica.
                Atualmente, Dr. Júlio é professor da disciplina de Fisiopatologia em Traumatologia/ Ortopedia e Medicina desportiva da UNINASSAU, exerceu no último ano, acessória e gestão em sua área junto a Secretaria de Saúde da cidade  de João Pessoa. Faz parte do corpo clínico da AACD ( associação de Assistência à Criança Deficiente), Real Hospital Português, Hospital de Fraturas e Hospital Belarmino Correia em Goiana.
- Por seu trabalho junto aos pacientes da AACD, aonde atua na clínica de reabilitação de amputados exercendo com muito amor, humanismo, dedicação e competência;
-  Pelos inúmeros relatos dos pacientes que chegam aos meus ouvidos sobre a forma com a qual foram acolhidos, respeitados e valorizados por esse profissional;
- Pela resolubilidade que dar aos casos e situações enfrentadas;
- Por minha, já conhecida e constante luta, pelos direitos desses cidadãos, tão sofridos e , por vezes, esquecidos pelo próprio Estado;
Fui conhecer mais de perto esse homem, esse médico, esse cidadão que abraçou minha causa, como sua causa; nossa cidade, como sua cidade e nossa gente, como sua gente.
Nada mais justo do que demonstrar nosso reconhecimento, nossa gratidão e nossa admiração por esse cidadão, oficializando mais uma adoção em sua vida. Adoção de um filho que tantos frutos tem nos dado concedendo-lhe o título de cidadão da Cidade do Recife

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Denúncia:


Julio

Preciso publicar um texto para o teu blog  e vou colocar nas redes sociais referente a uma pratica do Banco Itau que venho por 2 vezes presenciando.
 Allan Monteiro Bacurau

ITAU
FEITO PARA VC??

Pois esta acontecendo a seguinte situação no Banco Itau agencia 9249 da Estrada de Belém – RECIFE PE, onde temos uma conta pessoa jurídica. Pois dias em que a agencia recebe um fluxo de numero de clientes alto, a mesma deixa seus clientes do lado de fora da agencia, no sol, sem a menor condições e isso vale para todo mundo, pessoa física, pessoa jurídica e idosos principalmente, a medida que sai 10 clientes que estão dentro da agencia entra mais 10 que estavam fora e as vezes 15 e assim vai....não existe isso em lugar no mundo se a agencia não comporta o numero de clientes, que faça uma reforma para se adequar ao perfil, mais não pode deixar o seu cliente do lado de fora aguardando outros clientes saírem. O problema é que o Itau vem reduzindo a sua grade de funcionários para garantir mais lucros e lucros a cada ano e não investe em pessoal. Ficam 2 ou 3 funcionários quando existe nos caixas para atender centenas de clientes, no mínimo leva-se 1 hora ou mais para atendimento nos caixa em dias de grande fluxo. Por este motivo a agencia fica lotada, fila e mais fila de clientes, muitas vezes impacientes devido a demora do atendimento que não fica menos que 1 hora aguardando atendimento. E gera todo um caos e reflete nos outros setores, comercial, Gerente Financeiro e por ai vai. Estamos  com uma reclamação  junto ao PROCON, FEBRABAN, PROCURADORIA DA PREFEITURA DO RECIFE.

ESTAREMOS ANUNCIANDO E DENUNCIANDO ESTA PRATICA ABUSIVA EM BLOGS ,  REDES SOCIAIS, COMUNIDADES EMPRESARIAS E JORNAIS LOCAIS. Para que o idiota que teve esta brilhante ideia possa se responsabilizar por esta atitude impensada.

Allan Monteiro Bacurau

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Texto da cerimônia de recebimento do titulo de cidadão do Recife



            “Sou de uma terra que o povo padece, mas não esmorece e procura vencer”. Dizem os versos do poeta Patativa do Assaré.
            Sou da região do Cariri Cearense, do lado de lá da Chapada do Araripe, Sul do Ceará. Devido à proximidade com o Pernambuco, nossa região sempre sofreu uma forte influência acadêmica, social, cultural e até linguística do lado de cá da Chapada.
            Lembro-me ainda criança, ouvir histórias do Recife contadas por àqueles que vinham aqui estudar. Boa Vista, Rua do Sol, Rua da Aurora, Rua do Príncipe eram nomes que, desde muito cedo, povoavam o meu imaginário. Achava Incrível, os lugares serem nominados dessa forma. No Juazeiro do Norte, todas as ruas possuem nomes de Santos: Padre Cícero, São José,  Santa Rosa, Santa Luzia, Todos os Santos e por aí vai.
            Como todos daquele lugar, sou de uma família muito religiosa, estudava em colégio de freiras e morava numa cidade que recebia milhares de romeiros anualmente.  Pessoas de todos os recantos do Nordeste que ao nos visitar, nos presenteavam com suas oralidades, maneiras de serem e agirem.
            O encontro com toda essa gente, que iam frequentemente à terra do meu Padim,  vindas principalmente da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, acabava trazendo uma maior identidade nossa com esse povo; até mesmo, maior que o restante do Ceará central e do Norte, onde fica a capital.
            Muito jovem, fomos morar em Fortaleza levados por meus pais. Pessoas com pouco estudo, no entanto, com vista larga. Um casal que abriu mão de alguma estabilidade que tinha, para oferecer possibilidades aos seus filhos. Pais extremamente amorosos, porém bastante disciplinadores.
            Costumo dizer que a criança, o jovem, na educação doméstica até aprende com os ensinamentos verbais, mas aprendem principalmente com os exemplos de quem representam autoridade.
            Como hoje estou sendo adotado por essa magnífica cidade, também fui, na infância, por uma admirável família que juntamente com meus pais conduziram minha formação humanista, ética e moral.
            Nessas famílias, aprendemos sobre tudo, a respeitar e valorizar o Ser Humano; O valor de ser verdadeiro, ser honesto consigo mesmo e com o outro.
 Aprendemos que rir mais, trás felicidade e percebermos que é inteligente sermos gentis, buscar um equilíbrio entre o trabalho e o lazer, poder usar terno e andar descalço, correr no sol e banhar-se na chuva,
Ser firme em seus propósitos, mas nunca perverso. Ser competitivo, sendo também leal.  Buscar posses sem ser avarento. Exercer o poder e não ser tirano. Gostar do azul, mas respeitando quem prefere o vermelho;
Aprendemos ainda, que nunca se chega a um objetivo sozinho e que devemos diuturnamente reconhecer e agradecer àqueles nos ajudaram e ajudam.
 Aprendi que não há equilíbrio sem uma forte ligação com o ser divino, com a fé, pois ela é a matéria prima para o grande enfrentamento desse fantástico espetáculo que é a vida.
Para nós, Cearenses do cariri, Fortaleza era uma terra longínqua. Só quem subia a ladeira do Juazeiro à terra do sol eram aqueles, como foi meu caso, cujos pais trabalhavam em empresas estatais e não lhes restava outra solução.
Recordo-me da boa inveja que sentia quando encontrava minha prima, aqui presente Val e ouvia atenciosamente seus relatos sobre a efervescência da cena cultural da Zona da Mata pernambucana. Tudo aqui era muito bom em seu discurso.
Recife já era nos anos noventa, o segundo polo médico do País e, também por isso, para mim era um sonho, um objetivo a ser conquistado.
Ainda em Fortaleza, estive presente ativamente dos movimentos estudantis e culturais da cidade. No último ano do ensino médio, antigo segundo grau, participei da montagem da peça “Morte e vida Severina”  e assisti, em praça pública, a um espetáculo que reunia Antonio Nóbrega e Alceu Valença, no qual mostravam várias vertentes da cultura Pernambucana. Essa superdosagem de pernambucanidade, aliada a excelência da Medicina aqui praticada, foram decisivas para vir ao Recife fazer meu primeiro vestibular. Era aqui no Recife que eu queria morar.
Não cheguei pelo mangue como o Severino de João Cabral, mas visualizei a beleza do Rio Capibaribe e me apaixonei.
Quem conhece Recife e de sua fonte urbana bebe, jamais a esquece, jamais consegue deixá-la por completo. Como diz o poeta Nilo Pereira – “Essa cidade é mágica, meio bruxa, enfeitiça, quebranta, tira as forças”.
Anos depois, viria estudar e morar definitivamente nesta cidade tão bela, tão rica de recursos humanos e tão cosmopolita.
Aqui fiz muitos amigos, vivi grandes paixões e também aqui plantei minha semente profissional.
Fiz residência médica no Hospital Getúlio Vargas, lugar pelo qual cultivo grande apreço e ainda sinto como minha casa, pois lá ainda se encontram grandes mestres.
Viver em Recife, trabalhar nos lugares que trabalho, conviver com as pessoas com que convivo faz de mim um homem feliz e realizado.
Agradeço a Deus e a Maria Santíssima por ter me dado às famílias e os amigos que me deram; e por terem colocado as pessoas certas em minha trajetória.
Agradeço ao Real Hospital português (pela credibilidade em meu trabalho), A universidade Maurício de Nassau (por permitir-me que faça parte de sua história), a AACD ( por conceder que eu realize um trabalho no qual tanto acredito e amo tanto) e ao Hospital de Fraturas ( Por ter sido o primeiro a acreditar em mim e me estender a mão após a residência).
Agradeço ao povo do Recife que só o bem tem me feito e alegria tem me dado.
Agradeço a Vereadora Dra. Vera Lopes pela sensibilidade, amizade e pelo reconhecimento ao amor e sacerdócio com que exerço minha profissão.
Agradeço aos meus pacientes, aos quais dedico meu ofício, meu amor e meu respeito profundo.
E, finalmente, obrigado a Cidade do recife por me acolher como filho e por tanto júbilo ter me dado.

Júlio Lima
Recife 25/10/12

domingo, 7 de outubro de 2012

Os nínguéns

Um excelente texto de Eduardo Galeno... Uma questão de cidadania!!!


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O protótipo do puxa-saco


                                                   O protótipo do puxa-saco

           Estamos mais uma vez nos aproximando de uma eleição em nosso país. Nesses tempos de euforia civil é bastante comum vermos acompanhando os candidatos ao pleito maior e aos pretendentes às cadeiras das câmaras legislativas uma figura emblemática, enigmática, quase mística, o puxa-saco.
            Acredita-se que o termo puxa-saco teve sua origem ainda no Brasil colônia. Tratava-se de sujeitos que sempre procuravam carregar os sacos de pano com os pertences de militares do exército, recém-chegados no lugar, de olho na gorjeta que poderiam receber.
            Pois bem, a pesar de estarem mais à vista nessa época do ano de eleição, indivíduos dessa espécie podem ser encontrados e reconhecidos em todos os lugares onde a hierarquia esteja presente.
            Traçar um perfil desses sujeitos não é tarefa fácil, pois possuem várias nuances e diferentes representações. Observam-se desde os sujeitos folclóricos subservientes por admiração e amor até àqueles que nutrem raiva e rancor sobre quem bajulam.
Existem os mais empolgados, que não se envergonham, mostram-se em qualquer lugar e ainda levantam bandeira de suas condutas. Alguns gostariam até lançar uma parada como o dia nacional do orgulho dos puxa-sacos.
            Outros por sua vez, absurdamente perniciosos, são enrustidos, dissimulados, mais camuflados que pebas em buraco e mudam de máscaras a cada vento ou evento, a cada interesse.
            Não podemos, contudo, acreditar que a maioria das relações onde o quociente de poder esteja presente siga esse modelo. Claro que há em muitas relações equilíbrio da ligação entre o comandante e o comandado que, por vezes,  atua como amigo e conselheiro, no entanto, sem abrir mão de suas verdades e convicções e sem fazer disso uma moeda de troca.
            A interseção entre todos os lambe-botas de carteirinha parece-me ser a pura falta de pensamento e vontade próprios com uma permissividade canina, acomodando-se falsamente a qualquer situação desde que se tire dela algum proveito momentâneo ou tardio.
            O sujeito bajulador é altamente competitivo. Consome muita massa cinzenta nas incontáveis tentativas de saber o que poderia agradar o seu chefe. Se não consegue fazê-lo, ou pior, se alguém o faz mais rápido, ele chega a angustiar-se, consumir-se, sofrer intensamente. Não por que não agradou seu superior, mas por que alguém ousou, mesmo não intencionalmente, fazer algo que ele tanto desejava, antecipadamente a si.
            O baba-ovo é antes de tudo um sujeito com parca autoestima. Àquele explicitamente lisonjeador talvez o seja por excessiva admiração ou por acreditar ser incapaz de realizar as tarefas que lhe são atribuídas e com medo de perder seu posto lança-se sem pudor aos pés de quem exerce ou representa poder.
            De outra forma, o dissimulado, o mascarado é um elemento isento de valores morais. Absurdamente ambicioso e que, percebendo-se incompetente, não exita em gastar seus dias procurando agradar, das mais simples às mais sórdidas formas, aquele que possua algum atrativo para a conquista de seus objetivos.
            Na verdade há uma proporcionalidade entre o número de lacaios e de chefes bossais que, sem possuírem luz própria, necessitam desse tipo de holofotes. Há um verdadeiro comensalismo entre esses seres anômalos. Existe uma ligação tão intensa de antropofagia energética que ambos criam um campo magnético que os mantém sempre próximo um do outro. Não há subserviente sem tirano.
            O capacho não mede esforços para agradar seu amo: Mente, falseia, faz intrigas, apropria-se de ideias alheias, dar gargalhadas das piadas xenofóbicas, racistas e homofóbicas. Apoia os discursos e pensamentos sem nexos e, se duvidar, ainda dar uma abanadinha no rabo. Tudo pelo pífio ofício de agradar seu superior em troca de ambições vis.
            O puxa-saco orgulha-se de ser apolítico, pois apoia quem possa lhe trazer alguma vantagem.
Não tosse por nenhum time em especial, nem possui religião, não possui uma cor preferida, nem estilo musical próprio.
 É um animal, com perdão aos animais sem querer ofendê-los, apaixonado pelo dinheiro, sem alma, sem pudor, sem fé. Assemelham-se às mais peçonhentas serpentes, pois leva a vida rastejando e destilando veneno.
Quando se encontram numa situação conflituosa, como quando diante de dois hierarquicamente superiores e discordantes, o cara lisa apenas balança a cabeça com sinal de concordância e em hipótese nenhuma emite seu parecer.
Esse tumor social na grande maioria das vezes é absurdamente perverso e debochado sobre seus subordinados. Possui mórbido prazer diante da dificuldade de um colega e é incapaz de ajudar alguém que não tenha nada a oferecê-lo.
Um tipo de xeleléu bastante frequente é o puxa-saco de si mesmo. Esse é terrível, pois acredita piamente que é a última freira virgem do planeta. Acredita-se o fodão. Vive gabando-se de seus feitos ou malfeitos; do quanto, à sua vista curta, é garboso, inteligente, isso e àquilo.
Doutra maneira, geralmente é solitário, pois seu narcisismo lhe impede de enxergar qualquer pessoa além de si mesmo. Como afirmou Plutarco, filósofo grego, quem gosta de bajulação está perdidamente enamorado de si.
O que nos deixa bastante tristes é que esses indivíduos são altamente viris socialmente, ocupam postos estratégicos e interferem na vida de muitos. Com seu ardil e veneno destroem reputações, amores, sonhos, lares, carreiras e amizades.
Assim como cada veneno há um antídoto, para cada puxa-saco há alguém com luz própria e fortaleza de espírito.
Acredito que uma forma eficaz de defender-se desse tipo de verme é ,como aprendi desde cedo com minha mãe, rezar um credo nas costas do sujeito que queira engoli-lo e desejar-lhe o bem”.
Pois sim, a oração e o bem são as vacinas contra os miseráveis de espírito. Por isso, “ore e vigie”, pois sempre valerá a pena ser coerente com seus princípios.
A verdade expressa no verbo e no olhar foi antes construída na alma, por isso, ouros, pratas, louros e títulos, a pesar de serem muito bons, são antes de qualquer coisa, vírgulas, e devem ser conquistados com lisura e trabalho.
Escreva sua história. Honre sua biografia.
Júlio Lima
Médico/professor



               
       

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Revista da ABOTEC


Órteses
STANCE CONTROL
Aparelhos de última geração com controle a fase de apoio





 
 

 


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Aula 1: Contrato pedagógico + Introdução ao Estudo da Traumatologia e Ortopedia


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Tíbia Vara de Blount


terça-feira, 31 de julho de 2012

Um homem de verdade


Recebi, com grande alegria, notícias de um primo querido. Enviou-me uma poesia que escrevera e que, pensando em poesia, lembrara de mim. Compartilho com o(a)s amigo(a)os o texto de UM HOMEM DE VERDADE.(texto na íntegra) 
Júlio Lima


Caro primo!
       Lembrei-me de você agora há pouco quando me deparei com um pequeno texto que esbocei há cerca de 10 anos atrás. Sei o quanto você gosta de poesia, entao pensei "meu primo poeta talvez goste desse texto aqui".
       Infelizmente, a obra nao tem título, mas "Homem de verdade" me parece um título apropriado. Espero que goste.
 
   O homem, verdadeiro, faz o que tem de fazer e não se arrepende. Mas chora.
   O homem, verdadeiro, luta por seus ideais, seus sonhos. Nem vacila, nem se vai embora.
   O homem, verdadeiro, é aquele em quem se confia, constante e firme em seu dia-a-dia.

   O homem, verdadeiro, não tem porque se envergonhar.
   Se erra, conserta; se quebra, repara; se peca, confessa, pede perdão. 
   O homem, verdadeiro, dorme a noite tranquilo, com a consciência limpa, cumprida a missão. 

  Queria, de verdade, ser um homem verdadeiro.
  Ter Deus como companheiro e um amor como companhia.
  Ser lembrado pela proeza, justiça e sabedoria:
 "Eis um homem de verdade! Verdadeiro por inteiro." -- minha lápide diria.
 

A lingua portuguesa eh o que ainda me prende ao Brasil, pois a beleza da nossa lingua nao eh igualada por nenhuma outra. A fim de ilustrar esse fato, segue abaixo o mesmo texto traduzido para o ingles. Veja como eh insipido.
A True Man
(by Waltemar de Sousa)
A man, truthful, does what he must and regrets not. Yet he cries.
A man, truthful, fights for his ideals, his dreams. He hesitates not, nor does he flee.
A man, truthful, is he whom one may trust, steady and firm in his day-to-day existence.
A man, truthful, knows not a reason to be ashamed.
If he errs, he rights; if he breaks, he mends; if he sins, he confesses, he asks for forgiveness.
A man, truthful, sleeps comfortably at night, with a clean conscience, his mission accomplished.
I wish, truthfully, I were a true man.
Have God in my company and a loved one for companionship.
Remembered for his might, justice, and wisdom:
"Behold, a true man! Truthful as a whole." -- thus saith his tombstone.

Grande abraço de seu primo,
Waltemar Jr.

sexta-feira, 13 de julho de 2012



quinta-feira, 5 de julho de 2012

O pálido Ponto Azul

Filme da palebluefilms, sobre texto de Carl Sagan, narrado por ele próprio.
Até quando os homens vão preferirem se materem na ignorância moral? As vezes, imagino que o grande problema da humanidade é o ser humano!


sexta-feira, 22 de junho de 2012

O samba de minha terra

Para: Fábio Castor

            Tive uma infância muito festiva e alegre. Parte dela vivenciada entre o sertão dos Inhamuns e o Cariri cearense, na fazenda Cacimbas, município de Assaré.
            Quando criança, a principal atividade agrícola daquela região era a cultura do algodão que convivia com a pecuária e plantio de subsistência do arroz, feijão, milho e frutas diversas.
            A semana era de muito trabalho, a qual se iniciava logo que o sol expulsava a madrugada e se estendia até à tardinha, quando o sol já cansado, se recolhia.
            Não existia, nas Cacimbas nessa época, energia elétrica. À noite, todos se reunião na casa grande para uma boa rodada de prosa à luz da lua e vigiada pelas estrelas. No oitão da frente ficavam os adultos que papeavam enquanto debulhavam vargem de feijão ou desencaroçavam o algodão que seria vendido em arroubas.
No oitão de trás ficava a moçada jovem com violão a cantarolar, jogo de baralho, brincadeiras como “cai no poço”, onde o rapaz e a moça ensaiavam um enamoramento. E por fim, no meio da casa, nos terreiros e no meio do povo dando conta de tudo que se passava e se conversava estavam os meninos e meninas provocando peraltices.
Nos finais de semana, noite de sábado mais precisamente, existiam os sambas, como eram chamadas as noitadas de forrós do lugar.
Não se comentava n’outra coisa que não fossem os acontecimentos do samba passado e a expectativa do samba que viria.
O cenário dessas festas era um espetáculo à parte. No terreiro das casas montavam-se as bancas de comidas, bebidas e de jogos. Tudo sob a luz do lampião a gás e lamparinas com querosene espalhadas por todos os lugares.
Boa parte da alegria da festa estava no terreiro. No bolo pão de ló feito na lata de sardinha como fôrma e no forno à lenha, nos filhóis de goma saindo quentinho do óleo fervente, da galinha de capoeira feita na hora para tira-gosto dos consumidores de aguardente de cana (cana de cabeça) ou cerveja enterrada e refrigerada em balde de terra. O jogo preferido, de longe, era o bozó, onde os jogadores apostavam seus trocados em números ou símbolos de times de futebol organizados em duas fileiras sobre uma mesa, cujo comando era do dono da banca de jogo, que lançava dois dados sequenciados. Àquele que acertasse os dois valores saia vencedor naquela rodada.
No salão de dança, outro cinema (como se referiam as coisas consideradas bonitas). As mulheres de saia ou de vestido, boca pintada e de pó forte no rosto colocavam-se nas arestas do salão formando uma espécie de círculo mal feito à espera do convite pelo cavalheiro para uma parte de dança. Era uma festa extremamente democrática, tinha pirralhos, jovens, adultos e idosos balançando as cadeiras e mostrando os dentes de felicidade. Em cima de uma mesa ou n’um canto da sala estava o sanfoneiro, acompanhado do zabumbeiro, triângueiro e tocador de pandeiro.
O termômetro da festa era a poeira no meio do salão. Se assim ocorresse, o sanfoneiro era bom. E tome samba a noite toda, o fole roncava, triângulo tinia, pandeiro piava e zabumba amanhecia rouco e de couro fino.
Nessas festanças, com essa gente gaiata cheia de felicidade no rosto e nos pés, sempre ocorriam fatos que viravam “causos”. Era o sujeito que dançava abufelado no cangote de uma nega a noite todinha e que se escondia na hora da paga da quota do sanfoneiro; era o caboclo que torava as correias das japonesas de tanto arrastar o pé; eram as caboclas polidas, “educadas” que despachavam seus pretendentes, que não as interessavam, com uma delicadeza sui generis.
Uma das maiores riquezas do povo nordestino, principalmente da população mais humilde, é a espontaneidade. É a verdade sem entrelinhas. Eufemismos não existiriam se dependessem dessa gente.
Certa vez, num samba de Loló (D. Gulora, epônimo de Glória) estavam Pedro Monteiro, cabra bom, e Antonieta, cabocla polida, educação britânica perdia feio!!!!
Pedro tinha uma fama um tanto quanto “injusta”. Diziam que ele era danado pra acabar samba com as bufas que soltava no meio do salão. Como diziam: - Pôôôôde, caba véi!!!!!!
Pois bem, estava Nieta em pé no canto da sala, braços cruzados e acompanhando a música com a cabeça pra lá e pra cá de forma ritmada, quando Pedro Monteiro se aproxima, pega no ombro da moça e faz o convite:
- Nieta, vamos dançar?
Antonieta se ajeitou toda, puxou o vestido ajustando-o bem, descruzou os braços levando-os a cintura, inclinando levemente a cabeça, olhou bem para Pedro Monteiro e disparou em voz altiva:
- Deixou o cú em casa?
Pedro, sem pestanejar, sem ungir, nem grunhir balançando a cabeça e seguindo o ritmo do xote ensaiou alguns passos solitários, enquanto deixava o campo de visão da morena da pele de jambo e olhos agatanhados.
Nos sambas da minha terra também marcavam presença as moças que vinha da cidade. Essas usavam salto alto com trazeira do sapato fino e longo feito um punhal. Aquilo era uma arma.
Itim (apelido de Adailton), muito enxerido, convidou uma dessas moças para dançar. A nêga peituda e rabuda, mais enxerida do que Itim, rebolando as cadeiras num vai e vem frenético e desajeitado, pisou tanto no pé do usurado que mal o sanfoneiro deu o último acorde da música, o caboclo largou-se da dançarina faceira e partiu, mancando, em direção à cozinha, aonde se encontrava Loló (a dona da festa).
- D. Gu-Gu-Gulora (ele era meio gago), a senhora tem um remédio para botar nos meus pés que estão ardendo de dor que uma impestada do Assaré pisotiou o coitado todim? Tá doendo deeemais, homi!
Lóló era uma espécie de “Bombril” sertaneja: comerciante, curandeira, enfermeira, conselheira, pau pra toda obra...
- Tenho meu fí, pera que vou buscar.
Loló foi ao quarto, revirou toda medicação que tinha e encontrou uma pomada já antiga e cujo nome estava meio apagado.
- Pronto, meu fí, passe isso aqui que você fica bomzim.
Itim, se vendo de dor, pegou a pomada e passou-lhe nos pés, quando, da sala, se ouvi o grito:
- Aaaaarri muleeessta, que peste é essa que a senhora me deu, D. Gu-gu-gulora? Tá ardendo deeemais, homi!!!!
Loló aperreada com a reação causada pela medicação foi ler o nome da danada da pomada, que estava incompleto, apenas com as iniciais. Uma letra “F” e uma letra “E”.
Loló olhou pra Itim com firmeza e desparou:
- Há meu fí, deixe de froxura, sujeito!!! Essa pomada é uma rilíquia, tá veno, não?
- E c’umé o nome dela, pelo amor de Deus?
- O nome? É...é...é Fe-fe-fe...ah! (faltando-lhe a paciência) É Fe - ó – Fó passe na perna, pronto! E deixe de pergunta difícil. N’um já dixe que era pra isso!
Itim com pé pisado e intoxicado perdeu o resto da noite em um canto de cerca esperando a dor passar.
Muitas são as lembranças, muitas são as histórias, muitos foram os sambas inesquecíveis, muitas foram as alegrias e risadas. A maneira encontrada pelo povo nordestino e em especial, o cearense, para se manter com a mente sã a despeito de todo sofrimento e descaso do estado foi rir, rir muito e rir de si mesmo, de suas qualidades e defeitos suavizados na alegria de viver, amor ao próximo, nas festanças, na devoção sempre presente e em boas gargalhadas.
Júlio Lima
Médico/ Professor




sábado, 9 de junho de 2012

Osteoporose

Participamos de um debate interessante sobre osteoprose no consultório da Graça na Rádio Jornal. http://radiojornal.ne10.uol.com.br/2012/06/06/osteoporose-alimentacao-e-medicamentos/

quarta-feira, 23 de maio de 2012


A PERCEPÇÃO DO BELO

A existência da preocupação com a aparência provavelmente tem sua origem no período paleolítico e coincide com a própria existência humana. Certo é que esse conceito é mutante e obedece ao período histórico que se observa, assim como, a cultura social de determinado povo.
Para artistas com Da Vinci, a beleza residia na simetria. Platão afirmava que a beleza tornava visível o espírito. Para os pensadores medievais, sobe influência do cristianismo, atribuíam-na como uma criação divina.
A subjetivação da beleza tem sua origem na idade moderna. Para Kant, ela se traduz no juízo que exprime no sentimento de prazer.
De outro modo e contrapondo-se ao conceito do belo há ideia e o conceito de fealdade. Enquanto o belo era formoso e harmonioso, o feio era disforme e desfigurado. Mas quem estabelece esses limites? Tornando o que é considerado bonito agradável aos olhos de quem o ver e o feio que provoca náusea e dissabor?
Todos indistintamente podem exercer a característica do belo ou isso é reservado a poucos, aos “diferenciados”? Os olhares sobre esse binômio são uniformes ou a concepção da beleza é resultado de experiências individuais e/ou ideológicas?
Pretensamente vivemos em uma sociedade ocidental democrática aonde o trânsito entre as diversas classes sociais é mais que uma possibilidade, uma realidade. Pergunto-me se esse trânsito também ocorre entre o que angustia e o que excita os sentidos.
Percebo um desconforto, por que não, um confronto entre as diversas classes sociais na identificação do que é “chique” e entendido como luz aos olhos e o que é brega, algo renegado e não aceito, obscuro. Acostumamo-nos com uma realidade em que as novidades sempre surgiam na corte e eram copiadas pelo povão, pejorativamente chamado de plebe, ralé, mundiça. Pois é, atualmente, não saberia colocar se essa assertiva é verdadeira ou falsa. Percebemos um anivelamento das novidades. A estética da periferia faz hoje uma espécie de “pororoca” com o que é produzido nos grandes salões.
No entanto, há uma faixa de nossa população, que não é pequena, que além de não aceitar a liberdade da estética procura a todo custo descredenciar o que a seus olhos parece ousado demais ou distorcido.
Freud colocava o cultivo da beleza como uma das fontes de sofrimento incontornáveis onde havia algo de indomável que poderia volta-se contra nós mesmos. Nesse contexto, pergunto-me quem é realmente livre, aquele ou aquela que vive segundo critérios próprios de beleza ou quem segue padrões pré-determinados? Até onde o messianismo à beleza ou o ceticismo a ela determina o padrão de comportamento, conduta e até de competência dos indivíduos?
Por sermos um povo mestiço de raça, uma verdadeira salada de genes, deveríamos ter essa questão das diferentes faces da estética muito bem mais resolvida, mas isso não é bem assim.
 Parafraseando Cazuza, temos muitos caboclos pretendendo-se ingleses entre nossa gente. Para esses, esse negócio democracia da estética é retórica para boi dormir e que não existe qualidade, nem beleza em nada que não saia de sua tribo.
Uma das maneiras de diferenciar, estratificar e mais ainda deixar bem claro o posicionamento de cada um nessa cadeia social e pirâmide da aparência surgiu no final do século XIX com a revolução industrial na Inglaterra com a criação do fardamento profissional. Cada profissão de acordo com sua posição no escalonamento social tem seus hábitos e tecidos diferenciados instituindo e convencionando como o belo, obviamente o mais bem sucedido. Dessa forma,  esperam que cada um, por gentileza, reconheça seu lugar e assuma seu papel.
Obviamente, muito antes da revolução industrial alguns grupos se destacavam por sua vestimenta própria como, por exemplo, os cavaleiros templários durante as cruzadas, os militares e o próprio clero hierarquizado.
Dessa Maniera, o uso do uniforme profissional segundo seus criadores teria como objetivo, além do charme, organizar as diversas funções, facilitando o reconhecimento e o bom exercício de cada profissão.
No entanto, pergunto-me sinceramente se na cochia dessa intenção não se esconde o interesse de separar os indivíduos numa espécie de casta disfarçada, instituindo a forma com que cada indivíduo deverá ou merecerá, na ótica de quem tem o poder de ditarem as regras, ser respeitado e tratado. O conceito de beleza e organização a serviço da hierarquia entre as classes sociais.
Ora, salvo engano, todos são iguais perante a lei, certo? Então por que choca tanto a algumas pessoas se um advogado soltar e paletó preto ou azul e se vestir com macacão vermelho de um estivador? Louco, inapropriado seriam os melhores adjetivos que lhe atribuiriam.
Perigosas se tornam as relações sociais quando o continente é mais importante do que o conteúdo. Quando a embalagem for mais valorizada do que o produto estará havendo um profundo desvirtuamento do que realmente importa.
Por tanto, o fato de alguém possuir maior escolaridade ou maior conta bancária que outro não deveria jamais ser parâmetro indicativo de diferenciação de beleza, da maneira de se dirigir a alguém ou do tipo e cor de pano que possa se cobrir.
Quem disse que branco é da paz e o preto da morte? E se a paz quiser se revestir de preto? Se o sol encher-se o saco do amarelo? Se a freira ousar num salto Luís XV e a mulher da esquina barbarizar na botina?  Onde está o disforme ou desfigurado dessas situações?
Talvez eu seja um cego social, pois não enxergo a feiura no fato de pessoas não seguirem rótulos.
Salve, salve a anarquia da beleza...

Júlio Lima
Médico/Professor