quinta-feira, 25 de julho de 2013

CRESCIMENTO EM ORTPOPEDIA PEDIÁTRICA


Foto: Internet
1. Estudo Radiológico
 Cerca de 50% das crianças tem idade óssea significativamente diferente de sua idade cronológica.
Em alguns distúrbios isso é característico e todo o raciocínio, análise, previsão e tomada de decisão devem ser feitos tomando por base a idade óssea. Ex: doença de Perthes, discrepância de comprimento dos membros, condrodistrofia.
 Existem várias relações úteis entre os eventos da PUBERDADE x SINAL DE RISSER.

·       Sinal de Risser:
0: É para os primeiros 2/3 do disparo do crescimento puberal e indica que o pico da curva de velocidade de crescimento ainda não foi atingido.
l: Anuncia o inicio da rampa descendente do pico de crescimento puberal. A taxa de crescimento da estatura, em posição sentada e em posição em pé, diminui abruptamente. Pêlos axilares geralmente aparecem nesse período.
ll: Corresponde a uma idade óssea 14 anos nas mulheres e 16 anos nos homens. Há ainda um risco de 30% de progressão (5° ou +) para uma curva escoliótica de 30° e um risco de 2% para uma curva de 20°.
lll: Existe ainda uma ano de crescimento. Nesse ponto há um risco de 12% de erro, curva de 20° ou maior progredir 5° ou +.
lV: Corresponde a 15 anos em mulher e 17 anos em homem. O risco de progressão de escoliose está acentuadamente reduzido, embora, para o homem permaneça um risco reduzido.
V: A apófise ilíaca pode fundir-se na idade de 22-23 anos. Em alguns casos ela nunca se funde.
2. CRESCIMENTO DA COLUNA VERTEBRAL
 As vértebras lombossacrais são relativamente menores ao nascimento do que as torácicas e as cervicais, contudo, durante os primeiros anos de crescimento elas crescem mais rapidamente.
 Os discos respondem por aproximadamente 30% da estatura do segmento espinhal ao nascimento, na maturidade diminui para 25%.
 As porções anterior e posterior das vértebras não crescem à mesma taxa. Na região torácica, os componentes posteriores crescem mais rápidamente. O inverso ocorre na região lombar.
 A altura da coluna quase triplicará desde o nascimento até a vida adulta. A coluna adulta média no homem tem 70 cm de comprimento (12 cm col. Cervical, 28 cm – torácica, 18 cm lombar e 12 cm sacra). Na mulher mede em média 65 cm.
Ao nascimento, a coluna vertebral tem aproximadamente 24 cm de comprimento.  Apenas 30% da coluna está ossificada e há pouca diferença significativa na morfologia de uma vértebra a outra.

3. CRESCIMENTO DO MEMBRO INFERIOR

 O membro inferior cresce mais que o tronco. O fêmur e a tíbia combinados crescem cerca de 55 cm em mulher e 63cm em homem, do nascimento até o final do crescimento.
 A relação entre o fêmur e a tíbia é constante durante todo o crescimento. A diferença no cumprimento entre os 2 ossos é 2cm ao nascimento e 10cm no final do crescimento. O comprimento da tíbia é 80% do comprimento do fêmur.
 A relação entre tíbia e fíbula também é constante. O comprimento da fíbula é 98% do comprimento da tíbia, e, não há diferença significativa.
 O fêmur possui aproximadamente 9 cm ao nascimento e irá aumentar 5x para 45cm ao termino do crescimento.
 A tíbia tem comprimento de 7 cm ao nascimento e irá aumentar 5x para 35 cm.
 O crescimento da tíbia e da fíbula é independente, sendo necessária uma harmonia perfeita. Se crescimento excessivo da fíbula (ex: acondroplasia) - geno varo. Se ressecção da fíbula durante o crescimento – tornozelo valgo.
 CONTRIBUICÕES DAS PLACAS DE CRESCIMENTO PARA AUMENTO DO OSSO E DO MEMBRO.
 Joelho é responsável por 2/3 do crescimento (65%) no membro inferior.
Ao nascimento, o pé possui cerca de 7,5 cm de comprimento (40% do seu tamanho final). Com 1 ano de idade nas mulheres e 1 ano e meio nos homens, o pé já atingiu a metade do seu tamanho adulto.
 No útero, as pontas das falanges distais do pé são as primeiras a se ossificar, seguidas pelos metatarsos e posteriormente pelas falanges medianas e proximais.
Ao nascimento estão presentes: centro de ossificação no calcâneo, talo e cubóide, metatarsos (placa de crescimento do 1º é proximal e do 2º ao 5º é distal) e centros de ossificação de todos os metatarsos e das falanges.

OSSO
PERÍODO DE OSSIFICAÇÃO
Cuneiforme lateral
Entre 4 e 20 meses
Cuneiforme medial
Mais ou menos aos 2 anos
Cuneiforme intermediário
Mais ou menos aos 3 anos
Navicular
Entre 2º e 5º ano de vida
Apófise do calcâneo
4-6 anos na mulher e 5-7 no homem
Se funde ao corpo do osso: mulher= 16 anos e homem = 20 anos.
Maléolo medial
7 anos na mulher e 8 anos no homem
Epífise distal da fíbula
11-12 meses.

 O pé é o primeiro elemento do sistema musculoesquelético que começa a crescer na puberdade e também a primeira a parar de crescer. Assim uma artrodese no início da puberdade não terá um impacto significativo sobre o comprimento do pé.
 Contrariamente a crença geral, existe mais crescimento no tronco ou na estatura em posição sentada durante a puberdade do que no crescimento subesqueletico ou no crescimento dos membros. A explosão do crescimento nos MMll ocorre durante o 1º ano da puberdade e, após a idade óssea de 12,6 anos nas mulheres e 14,6 nos homens, o crescimento dos MMll diminui rápida/.
Quando se realiza epfisiodese no inicio da puberdade ou mais tarde, o risco de hipercorreção é relativamente pequeno. O crescimento dos membros se encontra completo em Resser l.

4. CRESCIMENTO DO MEMBRO SUPERIOR
 Ao nascimento o comprimento do MMSS é 20 cm. Em torno dos 5 anos de idade, alcançavam a metade de seu tamanho final.
 A mão apresenta sua aceleração de crescimento 6 meses antes do antebraço e este 6 meses antes do úmero e este ao mesmo tempo do tronco.
 As proporções entre os vários ossos dos membros superior e inferior são estabelecidos em torno das 5 anos de idade. Assim, a ulna tem 4/5 do tamanho do úmero, e este representa 70% do comprimento do fêmur. O estudo desses índices é muito importante em avaliar um retardo de crescimento durante o curso de uma condrodistrofia (nanismo rizomélico e mesomérico).
Os valores de referência para o crescimento em crianças normais não são aplicáveis na criança paralítica.

 Júlio Lima
Médico Ortopedista/ Professor