segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Feliz 2015

2015 se aproxima, confesso a vocês, amigos, que não sentirei nenhuma saudade de 2014. Nesse ano perdi pessoas queridas, vi outros adoecerem, descobri que convivia com gente com sério desvio de caráter. Hoje na praia, entreguei 2014 às águas do mar sagrado, que venha a renovação, que a tempestade chamada 2014 se vá e junto com ela todo o seu lixo. Que em 2015, amigos não sofram, que a morte não nos chegue de forma prematura ou covarde e que os maus de coração sejam inundados pelo amor do Pai. Que o amor encontre força, mesmo diante de tanta fraqueza que vive a humanidade, que a paz chegue a todos os lares e que ela seja fruto de trabalho honesto e retidão de caráter, pois como bem me lembrou um grande amigo, colhemos o que plantamos. Se plantarmos rosas, rosas colheremos; Se plantarmos vento, tempestade vingará em nossa roça. Nem sempre quem vence, vence! Que o ano vindouro traga antes de mais nada, a consciência de que precisamos de companheirismo, de lealdade, de ética e de muita caridade para com todos aqueles que cruzarem nosso caminho - Júlio Lima

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Você sabe conversar?

                  A maior busca do ser humano consiste em encontrar alguém que caiba em sua loucura. "João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria..." Drumond, Vinicius, Edu lobo e tantos outros compositores e poetas já descreveram as vicissitudes das relações humanas. Fato que nos mostra que tal apanhado não é prerrogativa das novas gerações. No entanto, a maneira como as pessoas lidam com os contratempos e as contrariedades nas relações com seus pares tem se mostrado diferentes no evoluir dos tempos.
                        Cada pessoa constrói seu modelo de desejo, seu arquétipo perfeito que a fará feliz e dessa forma se lança em um palheiro de dimensões exageradas na ânsia ou esperança do encontro com seu par perfeito ou a outra banda da esfera perdida do mito de Andrógino.
                        Observando a volatilidade das relações atuais, questiono- me se algo está errado agora ou outrora que não se acertou?
                        Vivemos numa busca quase insana pelo prazer em detrimento de qualquer desconforto. Como na maioria dos objetos, atualmente fabricados, que quando apresenta alguma falha já não interessa seu concerto e automaticamente se troca por um novo, as relações humanas têm seguido esse modelo.
                        Romances céleres, amizades frágeis, encontros casuais, amistosos e impessoais. Não se dispõe mais de tempo para o banco da praça, para a conversa, para pequenas gentilezas cotidianas frutos do convívio. Será que essas coisas eram chatas mesmo?
                        O prazer é a droga do momento e, como toda substância que trás sensações intensas em parco tempo, causa dependência e logo, logo se necessita  de cada vez mais emoção que traga empacotada doses também casa vez maiores dessa "porção" para chegar ao êxtase tão perseguido. Em pouco tempo, o parceiro ou parceira já não satisfaz a carência do outro. Um fosso já se instalou e agora tudo é pouco. Detalhes pessoais de cada um no cotidiano podem receber um holofote e ser motivo para a instalação de uma tempestade. A presença do prazer não satisfeito na dose exigida começa a minar a relação. O outro já não representa tanto. 
                        Observamos pessoas abrirem mão de relações aparentemente sólidas, construídas com esmero, para lançarem - se em aventuras em busca de alacridade cada vez mais intensa. O céu é o limite, pena que nem sempre quantidade faz par com qualidade.
                        O individualismo, estimulado pela sociedade de consumo, tem mutado e fecundado seres que não conseguem enxergar nada além de seu próprio umbigo. Legiões de narcisos frequentam academias, shoppings, festas, bares que se cegam para qualquer coisa além de si mesmos. Correm o risco de terem o mesmo destino de Narciso que se afogou e morreu inebriado por sua própria imagem.
                        De outra forma, será que o ser humano está se libertando das convenções sociais que lhes foram impostas e está dando vazão ao que existe em si como essência? A espécie humana é poligâmica por natureza? O chakra sexual é o centro do comando do humano e o cérebro é seu apêndice? Quem gosta de maçã, gostará de todas por que todas são iguais?
                        As sociedades se estruturaram e se estruturam por normas que indicam códigos de condutas e, dessa forma, estabelece o que é lícito ou não; o que é certo ou errado. Assim nasceu e vingou o conceito de família.
                        Em tempos atuais esse conceito tem sido ampliado, ao mesmo tempo em que observamos um reordenamento nessa estrutura, pois famílias se constituem e se desfazem, ou se ampliam, com frequência cada vez maior. Joãozinho que é filho de Tiago, este padrasto de Anita, cujo pai namora Antonio, ex- marido de Carminha, madrasta de Cecília que está na terceira série do fundamental.
                        Parte desse contexto começa a ser desenhado quando o primeiro insatisfeito decide mudar o endereço de sua conta telefônica ainda nas primeiras crises conjugais. A insatisfação eterna, mesmo pensada de forma diferente, geralmente não tem alojamento no outro, sua gênese está no próprio sujeito que a aloja, que trás em si um fosso que talvez nunca seja preenchido, onde o máximo ainda significa o mínimo.
                        O humano há muito se afeiçoou ao novo (no seu sentido de novidade), isso é pauta encerrada. A questão que levantamos é o quanto o novo tem assumido relevância na hierarquia de suas prioridades? Não sei se enxergo muito mal, mas a sensação que tenho é que os transeuntes da praça estão muito acelerados e assim só conseguem ter visão macro em seu entorno. Já não dá tempo da fruta amadurecer em seu "pé", ainda verde é arrancada e lançada ao carbureto, é bela, mas sem nenhum sabor. É como comida e restaurante. Alguém já comeu fora de casa? Pratos aparentemente bonitos, bem dispostos, porém com sabor de nada.
                        Dessa maneira observamos parte das relações. Já não há convivência. Pulam- se etapas e lançam - se no carbureto da paixão, percebendo- se com brevidade que mais uma vez o prazer mostrou- se efêmero. Passado o primeiro tesão da beleza e a primeira gozada, instala- se o desconforto e a vontade de mudar mais uma vez. Essa mudança pode ocorrer de forma saudável, onde a companhia é informada e cada um segue em sua busca, ou de forma doentia, onde por covardia alguém não é informado e passa a haver traição.
                        Quem está com a razão? O novo modelo nas relações ou o antigo? Quantidade ou qualidade? Liberdade ou estado de sentir- se preso? Ética ou imoralidade? A dualidade é o que caracteriza o ser humano e, nessa questão, você procura alguém que caiba em sua loucura ou nos seus sonhos? O que pode ser redesenhado? Alguma coisa pode?
                         Talvez não tenhamos respostas para tais questionamentos, mas quem sabe se uma boa conversa não minimize a rotatividade das relações?

Júlio Lima

Médico/Professor

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Natal sem fome

Amig@s, a Fundação Terra é uma instituição séria que cumpre um importante papel social. Convido-os também comprarem essa idéia!!!

sábado, 23 de agosto de 2014

De que lado você está?

Fonte: Internet
                   Existe uma lei da física que nos fala que o universo caminha para uma entropia. De fato, conseguimos, por exemplo, desorganizar um ambiente com bem mais facilidade do que deixa-lo organizado. Além de que, o ato de organizar traz consigo uma sensação de trabalho e racionalização do processo, enquanto, muitas vezes, nem percebemos como instalamos o caos onde estamos.
                        A raça humana tem se superado cada vez mais na tarefa da autodestruição e destruição do planeta que habita.
Guerreiam-se no atacado por expansão de territórios e subjugação de outro povo, por fanatismo religioso e pela aquisição ou manutenção de poder quase absoluto destruindo inclusive sua gente. Guerreiam-se no varejo pela vaga da fila do pão, vaga do estacionamento, da ficha no guichê, pelo espaço privilegiado no cunhão do chefe, por trocados nem sempre lícitos, por fantasias consumistas.
O homem aprendeu e se apegou com força à hipocrisia. O marketing lhe trouxe a ferramenta precisa e tudo é passivo de maquiagem. Da atitude distante do discurso e da aparência à negação da morte, vivemos um enfadonho e nebuloso baile de máscaras social. Lobos camuflam-se de cordeiros, catacumbas disfarçam-se de belos jardins floridos e bem cuidados.
O sistema vende a todo o momento a ideia de felicidade plena a ser alcançada na necessidade do acúmulo, do ter mais bens, ter mais roupas (de marcas), ter o carro mais caro, ter mais lugares visitados, ter mais “amigos” nas redes sociais, ter mais, ter mais, ter mais.... Se você não tem...você não é.
Para fugir da ideia e da noda demoníaca, criada na sociedade de consumo, do não ter e logo, não ser, o sujeito tem sido doutrinado há permanecer o tempo todo armado e pronto para o embate e para a vantagem que pode tirar de qualquer situação criada.
Observa-se cada vez mais e por motivos cada vez mais banais, não sem perplexidade e pavor, e em idades mais breves as pessoas perderem sua compostura e lançarem-se em ataques verbais, gestuais ou físicos.
Impressiona a pressa com que alguns têm passado da “educação” para o gesto insano de agressividade. Para isso, basta ser contrariado, então toda sua carga de desgostos, frustrações e desgraças são ligeiramente vomitados em frações de segundos sobre o oponente da vez, geralmente incrédulo do espetáculo parvo que presencia. Cena bastante frequente feita por acompanhantes de pacientes em hospitais, por exemplo. O paciente quase nunca o faz, em bancos, restaurantes e locais públicos.
A busca insana pelo padrão de felicidade e facilidades vendido pelo mercado também tem fabricado legiões de indivíduos isentos de qualquer energia para o trabalho ou imbuídos de qualquer preceito moral. Comportam-se como hienas em busca da caça alheia sem considerar o esforço do caçador ou urubus que fazem festa sobre o defunto já frio e em decomposição. Nem as carcaças da presa deixam para trás. Mercenários, estelionatários, espertos de plantão saem todo dia de casa para te encontrar.
A ordem do dia é lutar e vencer, vencer, vencer. Sinto muito pelo rumo que deram a palavra vencer, tão forte e significativa e tão usurpada de seu sentido.
Espero que não esteja muito Auguto dos Anjianos e que tão pouco veja generalização torpe em minhas palavras. Até que gostaria de estar exagerando, pois seria menos surreal.
É claro. Também existe o contraponto.
 Não gosto da ideia da luta do bem contra o mau, mas da existência de um movimento entre a entropia e sua antípoda que é a organização, o ato produtivo, a estabilidade.
Mares bravios é que formam bons marinheiros, sofrimento trás maturidade, tragédias pessoais trazem a realidade. Muitas vezes, o aprendizado ou algum aprendizado chaga-nos pela dor; outras não, como pela educação do exemplo que é a que mais acredito. Pessoas fortes e solidárias vão se moldando e é nos encontros que se unem e juntas buscam a harmonização e trazem um equilíbrio na balança da existência.
Certamente não é fácil nadar contra a maré, contra a sedução das facilidades, dos atrativos do menos trabalhoso e mais vantajoso. Resisti-los o tornam diferente e os diferentes quase nunca são tolerados.
A oração, a ética, a lealdade, a caridade e a solidariedade são antídotos, atributos com altíssimos graus de complexidade e que exigem imensuráveis investimentos pessoais.
Resistir á tentação do pequeno delito para muitos é como uma criança resistir uma guloseima em festa de aniversário do coleguinha.
Crescemos ouvindo àqueles que enfrentaram tsunames ou tiveram a inteligência de aprenderem com os exemplos, muitos desses sem estudo algum, dizerem: O mundo dá, mas também ensina; quem encontra besta não compra cavalo; quem se mete a redentor termina crucificado; diz-me com quem andas que direi quem és; todo dia sai de casa um besta e um sabido. Noutra face desse prisma, santos, avatares, ativistas, humanistas, filósofos nos transmitiram, por sua trajetória de vida ou pelo verbo, alternativas para que não se entre no redemoinho do mundo material, amoral e frio.
Não me canso de expressar, embora sem nenhum conhecimento técnico ou dados que comprovem, que a educação religiosa cumpre um papel social que as escolas pagãs que vem lhes sucedendo não estão conseguindo fazê-lo, na contribuição da formação ética e moral dos nossos jovens, embora entenda que o papel principal e primordial da educação de civilidade, moral, ética é dos pais, que também têm se excluído do processo e cobrado das escolas, que por sua vez, no mundo regido pelo capital, quer preparar o jovem apenas para o mercado de trabalho. Este fica no desamparo. O jovem só gostará de rezar, orar ou ir a ritos religiosos se forem estimulados. O jovem só tratará bem o idoso, o mendigo, o doente, o diferente com delicadeza e igualdade se tiver o exemplo próximo de quem é sua referência.
Acredito que vivemos uma paranoia coletiva pelo trabalho e luta das nações e das grandes corporações por crescimento econômico que o fazem em detrimento da saúde coletiva e individual.
Somos um exército de escravos adestrados a acreditar que a felicidade estar no ter, no poder e no ser social. Estamos tão doentes que condenamos e discriminamos quem enxergando um palmo além do nariz e do umbigo encoraja-se e rompe com essa insanidade coletiva, essa maconha estragada eterna que cega e deixa letárgico e sem energia para reação quem está institucionalizado nesse processo.
O bem x o mal; o In x Yang; o fogo x água; o sol x chuva; o ego x superego; ética x imoralidade; solidariedade x individualismo; eu x meus fantasmas. Como diria Chico Science: de que lado você samba? De que lado, de que lado, de que lado você vai sambar?
Júlio Lima
Médico/ Professor






sábado, 9 de agosto de 2014

Meu pai, meu norte!

           Ao  meu pai todo "ÃO" desse mundo. todo são, todo tão, todo coração. Meu norte, minha linha de direção, meu chão, meu pão e, por que não, minha melhor expressão.
            José Ivan Ribeiro de Lima, meu herói mais herói. Por ele me lancei, para ele venci. Ele sou eu aqui hoje. Ele é e será aonde eu chegar, aonde eu estiver.
           Não foi  a Bahia, nem nenhum lugar que me deu régua e compasso, foram meu pai e minha mãe que deixando seu conforto em sua cidade natal se lançaram em terra estranha por nós, por mim nos deram a direção à seguir.
             Muito obrigado meu pai. Quero ser o bom que há em você .
 José Ivan Ribeiro de Lima, meu pai!
Júlio Lima
médico e professor

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Assuntos prova Final de Fisiopatologia em Traumatologia e Ortopedia 2014.1

1. Classificação das fraturas/ Consolidação óssea
2. Lesões traumáticas: Contusão, entorse, luxação, fratura
3. Fratura/ Luxação de ombro
4. Sindrome do impacto
5.Fraturas do cotovelo e punho
6. Epicondilites
7.Fraturas da coluna vertebral/ Choque medular
8. Dores na coluna vertebral
9. Espondilolistese
10. Escoliose idiopática
11.Trauma pélvico
12. Fraturas fêmur proximal
13. Lesões do joelho
14. Desenvolvimento neuromotor da criança/ Paralisia cerebral/ Mielomeningocele
15. Semiologia (testes especiais) do ombro, coluna vertebral e joelho

Boa prova!!!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

SORRY SELEÇÃO!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cadê tu, Artur?

           
            Passaram-se 7 dias dias desde que Artur Eugênio foi chamado para uma urgência no céu como disse Carla Rameri. Só não passa a saudade, o hiato, a ausência que teima em doer.
            Há exatos 18 anos, a vida promoveu o encontro de 32 jovens cheios de sonhos e vindos de várias partes do Nordeste em Campina Grande. Foram 6 anos intensos de convivência.
            Juntos enfrentamos obstáculos, juntos superamo-los e consolidamos o que chamamos de família da UFPB campus II, turma 96.1.
            - E aí? Escapasse?
            Esse era o código de saudação mais utilizado nessa nossa família, que como toda família possui os mais exaltados, os mais calados e os que, de forma madura, tramitava fácil entre todos, assim era Artur.
            Não me recordo um só momento em que Artur protagonizasse algum tipo de desavença. Ele sempre foi, antes de qualquer coisa, um conciliador.
            Através de seu temperamento calmo e educado, próprio dos sábios, defendia seu ponto de vista com firmeza e lealdade. Impensável um grito, uma palavra mais dura ou fria pronunciada pelo amigo.
            Talentoso que sempre foi, idealizou um grupo de forró pé de serra para que nossos encontros fossem festivos. Ensinou Zabumba a Rodrigo, Sanlio no triângulo, fabrízio no contra-baixo, Júlio no agogô e Manoel em qualquer coisa ( o importante era estar lá) e ele, Artur, na sanfona e regência. Isso é que era gostar de desafios, viu? Por mais impossíveis que lhe parecessem.
            Os ensaios eram nas madrugadas após os estudos nos Studio de sua casa. Assim nasceu “Artur e o cabras da peste” como ele gostava de dizer.
            Esse fato demonstra a imensa generosidade que ele possuía. A capacidade de agregar, somar, construir. Demonstra o tamanho de sua solidariedade e disposição para ensinar o que sabia ao próximo. Demonstra parte de sua grandiosa capacidade de amar.
            Quantas festas? Anéis do Brejos, onde tudo começou. Quantos encontros?! Sabiás, fuás nas casas de Cabral, imbalanças, imbalanças, imbalançás... Quantas gargalhadas, agora silenciadas pela covardia e desamor.
            Artur, estrela que era, tinha a vocação para o brilho e para as alturas, mesmo que com discrição. E assim, obedecendo a sua necessidade de grandes desafios segue, como todo nordestino de fibra e valente, para São Paulo e lá se torna Dr. Artur Azevedo.
            Foram anos de dedicação e perseverança alicerçados pelo amor incondicional de sua companheira e esposa, Carla Rameri e depois por Tomás, sua cria. Sabendo também que tudo pelo qual lutava só era possível de ser concretizado por que antes, lá no começo e em toda sua jornada teve o braço forte e coração sensível e amável de S. Alvino e D. Vaninha.
Há 4 anos retorna, como um bom filho sempre faz, para sua gente. Queria ele, de fato, retornar para sua terra natal, no entanto, ela ainda não o comportava pela complexidade de sua graduação correndo o risco de ser subutilizado, seguindo então para o Recife.
            No Recife logo conseguiu algum espaço e que ainda iria galgar muito, muito mais, se não fosse a mão perversa do homem que lhe ceifou a vida, mas que jamais tirará sua obra, sua grandeza, sua magnitude, sua genialidade.
            Artur está agora ao lado dos bons e do pai, consolado, como nós, pela Virgem Mãe Sagrada e estará sempre muito vivo para todos que tiveram a felicidade de tê-lo em seu convívio em algum momento de nossas vidas.
 Júlio Lima


terça-feira, 13 de maio de 2014

E lá se vai Artur...


E lá se vai Artur... Vai tocar sua sanfona na companhia dos bons. Chegará no céu devagarzinho, meio calado, meio faceiro, meio sem jeito perguntando aonde está?
Talvez ainda queira saber, como todos nós aqui saudosos, por que tão cedo? Por que assim sem nem avisar?
Talvez alguém lhe diga: Porque sim.
Não! Não senhores! Fatalidade definitivamente não! Porque sim, certamente não foi.
Artur, nosso amigo Artur, filho de seu Alvino e dona Evane, pai de família e médico exemplar na verdade foi vítima da ineficiência e negligência do Estado.
A morte de Artur é menos um caso de polícia. A agressão sofrida por ele é resultado da ausência ou ineficiência das políticas sociais do Estado.
Quando o objetivo é encabestrar o miserável com programas desfigurados à eleitoreiros e não resgatar o cidadão de sua condição de miserável, pela educação, a sociedade mostra esse desvirtuamento moral, mostra sua face mais perversa e insana.
A banalização do ser humano e sua integridade física e moral deixa de ser um ponto fora da curva e passa para a média aceitável, ou pior, para a média negligenciada.
De Thomas Robes aos nossos dias vivenciamos um crescimento exponencial na economia, tecnologia e indústria, no entanto, o homem permanece no abissal como lobo do homem, só que agora com diferenciais de requintes de crueldade, perversidade, tripudiação.
Se àqueles que deveriam zelar pela ética falcatruam, àqueles que deveriam zelar pela lei e fazê-la com isenção prevaricam, àqueles que deveriam considerar normal o ato correto, o chamam de ingenuidade não temos como exigir daqueles que vivem na miséria e na certeza da impunidade que tomem atitudes diferentes daquelas que estamos vendo ultimamente.
O pai que joga filha do quarto andar ou que se omite no assassinato do filho pela madrasta, adolescente que mata pai e mãe, transeuntes que lincham uma inocente sem dó, nem piedade, sujeito que lança vasos sanitários para matar de forma espetaculosa, um pai de família que ao final de um dia árduo de trabalho e que deveria ter direito a um descanso é sequestrado e violentamente morto, crianças queimadas presas a colchões, etc, etc, etc. não são atos isolados da violência urbana, se não, o reflexo de uma sociedade carcomida pela corrupção e impunidade.
Perdemos um amigo para a ineficiência do Estado. A população perde um profissional extremamente qualificado (doutor em sua área) para a ignorância e crueldade humana. Uma mãe perde um filho para a cultura da corrupção. Uma mulher perde seu companheiro para a ausência de educação e, por fim, um filho perde um pai para a impunidade.

Júlio Lima

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O que representa Nossa Senhora para os Cavaleiros Templários?

Nossa_Senhora2O mês de maio é conhecido como “mês de Maria”. Maria, Mãe, Mare, Nossa Senhora, Maria Coluna do Templo, Sophia, a Deusa Mãe dos Celtas, a Cibele entre os Romanos, Ísis dos Egípcios, Maria a Mulher do Apocalipse coroada com as 12 estrelas e tendo a Lua sob os seus pés.
Mas, o que Ela representa para os Cavaleiros de todos os tempos?
O culto Marial, do qual São Bernardo foi um dos principais iniciadores, desabrochou no século XII, no mundo cristão. Sem dúvida, o culto de Nossa Senhora associa-se ao culto da Senhora reverenciada nas canções dos trovadores. O “amor cortês” elevava o Cavaleiro, pois fazia nascer em seu interior a chama do Amor Espiritual – Ágape – que nunca se esgota.
O culto da Senhora é de elevado alcance iniciático e cavaleiresco. A Virgem Mãe, a Iniciadora, a papisa do Tarot, são todas símbolos de realidades milenares e arquetipais. É o princípio negativo, o elemento terra associado ao elemento água, às correntes telúricas, à Natureza e à Criação em constante movimento, em constante gestação. O culto da Virgem é certamente mais antigo que o culto Crístico ou Solar. As antigas reminiscências do culto céltico na Bretanha e na Irlanda relatam o poder feminino. A mulher, a Rainha, tinha (e ainda tem) o poder temporal, porque o poder espiritual está sob o seu encargo. O maravilhoso mistério da cristandade e de toda Iniciação tradicional retirada das fontes da autenticidade está no desdobramento das duas correntes, na reconciliação das duas energias, masculina e feminina (o culto Crístico Solar e o culto Marial Lunar). Devemos refletir sobre a importância desta dupla figura na Iniciação Templária.
Para o monge-cavaleiro o dia iniciava (ou deveria ainda ser assim) com uma saudação à Dama de todas as Damas do seguinte modo:
“Em estreita comunhão com a corrente Templária do Templo de sempre, damos graças à Virgem Maria, Nossa Senhora por ser Ela Chefe de nossa Ordem, porque Nossa Senhora estando no início de nossa Ordem, Nela e em sua Honra estará, se for do agrado de Deus, o retorno de nossa Ordem em sua Verdade, em seu poder, sua Pureza, e o fim de nossa Ordem quando assim for do agrado de Deus. Amém.”
O fim do dia terminava com a “Mãe da Misericórdia, a Rainha, nossa Vida, nossa Doçura, nossa Esperança na Terra comparada ao vale de lágrimas”. E muitos ainda assim o fazem hoje.
Vemos na Tradição a importância deste Ser feminino. Maria reconciliadora dos elementos, Maria divina Alquimista, Maria de Cem Faces, Nossa Senhora de Sob a Terra de Chartres, Virgem Negra de Rocamadour, Virgem Negra de Vezelay (França), ou seja, todas as Virgens negras, a saber: Nossa Senhora do Pilar e Nossa Senhora de Mont Serrat na Espanha; a Virgem Negra Nossa Senhora de Aparecida no Brasil; a Virgem Negra de Einsiedein na Suíça.
No signo zodiacal de Virgem que corresponde ao nono mês do ano (setembro), Maria é o símbolo da fecundidade e da maternidade. É aquela que dá a vida e que canaliza as correntes telúricas. Em todos os espaços consagrados as energias da Mãe Terra podem ser estudadas e canalizadas de acordo com o conhecimento tradicional dos antigos, a fim de se conseguir a melhor harmonia possível nos trabalhos. Às vezes é representada com as mãos voltadas para a terra perto de uma fonte, tal como os Druidas veneravam as deusas do poço (poço que devia dar passagem ao centro da Terra, à Iniciação interior, ao princípio de todas as coisas).
Não se trata apenas de uma imagem de devoção. A ideia que Deus ou que todo Avatar possa ter nascido de uma Virgem – “e o Verbo fez-se carne e habitou entre nós” – não é nova. Assim, Ísis concebe e dá a luz a Hórus, e antes dela a Deusa-Mãe Hator representava a Mãe no seio da qual Hórus, “o Sol”, encerrava-se toda tarde para renascer toda manhã. Em muitos lugares a saudação à Maria confunde-se com a saudação a terra. Antigamente o Cavaleiro beijava o solo três vezes e voltava-se para o norte, invernal e feminino. O norte é outra denominação para a Estrela do Mar, também chamada Vênus, planeta do amor. Para o Cavaleiro Templário, o monge-soldado que pronunciou os três votos dos monges: pobreza, castidade e obediência, Nossa Senhora é o ideal feminino personificado, a Dama a ser conquistada. Assim como na carta seis do Tarô, os Enamorados, o Cavaleiro terá que escolher entre os dois caminhos a seguir na bifurcação que se lhe apresenta à frente, ou seja, entre a Dama/espiritualidade e a mulher da carne/matéria.
Foi para homenagear Nossa Senhora que a Idade Média construiu muitas das Catedrais. É a Ela que o Cavaleiro pede proteção antes de ir ao combate, dedicando a sua vida, o seu coração e o seu corpo. Para os aspirantes a Cavaleiros, é Ela que mostra a Via Sagrada, sendo a “Porta do Céu” e a Iniciadora. Também é a “Fonte de Vida e de Luz”. É a “Pedra Negra” de nossa transformação alquímica. Maria recebeu a Sophia, a Grande Mãe, e tornou-se Serva direta da Divindade na qualidade de Imaculada Conceição, o “Vas Spirituale”, a Matéria encarnando o Espírito resultando na Matéria Vivente.
Nas horas sombrias da dura batalha, quando as dificuldades chegavam aos corações dos Cavaleiros, lembrava-se da Sua presença irradiante, eterna fonte de Vida e de Luz, de Consolação e de Compaixão. Sempre perto das fontes naturais de água, Sua força era saudada pelos Monges-Guerreiros com reverência e paz profunda.
*Adílio Jorge Marques é professor de Física e História da Ciência da rede pública e particular de ensino do Rio de Janeiro. Pesquisador em História da Ciência luso-brasileira e história das Tradições.
Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/o-que-representa-nossa-senhora-para-os-cavaleiros-templarios/

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

3 MINUTOS COM BAUMAN: AS AMIZADES DE FACEBOOK


Sociólogo polonês preocupado em compreender a sociedade pós-moderna, Zygmunt Bauman, 87 anos, autor de vários livros em que explica as relações sociais na contemporaneidade, comenta em 3 minutos, em uma de suas conferências que foi concedida para o Fronteiras do Pensamento, porquê nossas relações de amizade no facebook são tão atrativas, fáceis e superficiais.


Leia o trecho:
"Um viciado em facebook me confessou - não confessou, mas de fato gabou-se - que havia feito 500 amigos em um dia. Minha resposta foi: eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso! Então, provavelmente, quando ele diz 'amigo', e eu digo 'amigo', não queremos dizer a mesma coisa, são coisas diferentes. Quando eu era jovem, eu não tinha o conceito de redes, eu tinha o conceito de laços humanos, comunidades... esse tipo de coisa, mas não de redes.
Qual a diferença entre comunidade e rede?
A comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. De outro lado temos a rede, o que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar.


Eu penso que a atratividade desse novo tipo de amizade, o tipo de amizade de facebook, como eu a chamo, está exatamente aí: que é tão fácil de desconectar. É fácil conectar e fazer amigos, mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.
Imagine que o que você tem não são amigos online, conexões online, compartilhamento online, mas conexões off-line, conexões reais, frente a frente, corpo a corpo, olho no olho. Assim, romper relações é sempre um evento muito traumático, você tem que encontrar desculpas, tem que se explicar, tem que mentir com frequência, e, mesmo assim, você não se sente seguro, porque seu parceiro diz que você não têm direitos, que você é sujo etc., é difícil.
Na internet é tão fácil, você só pressiona "delete" e pronto, em vez de 500 amigos, você terá 499, mas isso será apenas temporário, porque amanhã você terá outros 500, e isso mina os laços humanos."

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O avesso, do avesso, do avesso

Imagem colhida na internet
Ultimamente ando tendo a impressão que estamos vivendo no estadio da desorganização universal da moral.
Desde as manifestações do verão de 2013, sinto na pele, pelo fato de ser médico, o apedrejamento político e social de minha categoria.
No entanto, alargando um pouco mais o campo de visão, além do meu umbigo ferido, estou convencido que apenas somos a "bola de vez", nada mais.
Respeitando a importância das demais profissões, acredito que o país funciona sobre quatro pilares profissionais: os agentes sociais, os profissionais da educação, os responsáveis pela segurança pública e os agentes da saúde.
Se olharmos pela janela da nossa recente história, observamos que em um passado não longínquo, possuíamos uma educação pública que se destacava, pois servia a classe dominante. Quantos de minha geração não tivemos um bom professor que relatara sua origem acadêmica na escola pública, assim como, do valor social que possuía um educador?
No instante que a educação teve que ser estendida para todas as classes sociais, por pressão do desenvolvimento externo, iniciou-se um completo desmantelamento nas escolas e desvalorização profissional do professor que se percebe, desde então, despido e desamparado pelo Estado.
Na política, dá-se início a um jogo de empurras, demagogias, discursos hipócritas e promessas vazias em nome da Educação. Essa queda ladeira a baixo deixa o professor vazio de prestígio social e ridícula remuneração salarial. Como se diz no popular, além da queda o coice. Os nossos mestres ainda acumularam a obrigação de oferecerem educação doméstica aos alunos, pois os pais, na maioria ausentes de seus lares na maior parte do dia, não impõem mínimo limite às suas crias para um convívio social minimamente aceitável e ainda cobram esse serviço da escola, seja ela pública ou privada, nesse caso.
Não distante de semelhante realidade estão os agentes sociais. Na universidade, as ciências humanas não possuem o mesmo ‘glamour” de outras áreas de conhecimento, nem tão pouco, recebem o mesmo carinho em incentivo e estrutura. Os profissionais dessa área, assim como o professor, o policial e o médico que atuam na ponta do sistema, absorvem toda gama de revolta e desestrutura individual, familiar e profissional do cidadão comum por sua invisibilidade pelo Estado.
Assim como os demais, o agente social (Sociólogos, Assistentes Sociais, Psicólogos, etc.) sofre com o desprestígio e baixos salários, além de trabalharem sobrecarregados por uma demanda crescente de uma população órfã da presença do poder público. Diariamente trabalham desarmando ou tentando desarmar verdadeiras bombas prestes à explosão. Não conseguem fazer-se ouvir ou ser enxergada a sua angústia do exercício limite de sua profissão, pois trabalham com serem invisíveis aos olhos dos que, de fato, tomam as decisões sobre as políticas públicas a serem executadas.
A segurança Pública é, no meu entender, um adequador das relações entre os cidadãos e na sociedade de forma geral, assim como a Medicina é quardiã da promoção a saúde e bem estar, e prevenção e recuperação das doenças sofridas por este mesmo cidadão, sendo por tanto, a segurança e a saúde bens “se ne qua nons” para que a engrenagem social de fato funcione.
Seguidas vezes nos últimos anos, presenciamos nos jornais matinais, vespertinos e noturnos notícias e fatos que denigrem a imagem dos policiais e médicos.
Numa narrativa nem sempre amistosa e descrições de estórias quase sempre tratadas de forma unilateral, tornamo-nos expectadores de uma campanha imoral financiada principalmente pelo governo, haja vista as ações do mesmo nessas áreas, e endossada por uma imprensa que insiste em tentar passar uma imagem de que é livre, mas que nos parece depender, e muito, da ajuda e/ou parceria do governo central, estadual ou local.
As políticas públicas na área de segurança tem se mostrado ineficiente no condizente a repressão e recuperação do infrator comum que, muitas vezes, acabam nos presídios, verdadeiras universidades do crime, por questões banais aonde o infrator poderia ser inserido em programas específicos, caso existissem. Ou de outra forma, recolocam-no na rua para a reincidência contínua sem nenhuma punição.  Há uma perversidade com o homem comum e com o profissional militar ou civil que se encontra no outro extremo das decisões.
O desvirtuamento moral com defesa por seguimentos diferentes da sociedade de bandidos políticos corruptos condenados, grupos que se intitulam justiceiros e  outros de marginais que praticam “pequenos furtos”, estes defendidos por políticos e entidades que mais procuram holofotes e autopromoção sobre a desgraça desse “pequeno marginal” do que com uma política e propostas que mudem suas realidades tem gerado um estado de caos social e de verdadeira barbárie em nossas cidades.
O policial trabalha com uma sensação de chuva no molhado, além de sofrer desprestígio social, má remuneração, estar mal equipado e submetido a condições extremas de estresse cotidiano ( mesmas condições dos demais citados), ainda recai sobre si toda sorte de culpa e crítica da imprensa que, vendendo verdades superficiais sem nunca buscar a ponta do novelo, acaba por influenciar o cidadão comum a ter a crítica fácil na ponta de sua língua.
Esse desmantelamento de Agentes Sociais, Professores e Policiais não é fato recente e vem acontecendo nos governos independentemente de sigla partidária e ideologia política. Como diz minha amiga Mazé: Políticos não se arranham. Não nos iludamos, jogam todos no mesmo time, o deles.
Pois bem, o atual governo decidiu trazer para si a tarefa da derrubada do último dos pilares da coluna de sustentação social no meu entendimento – os profissionais Médicos.
A aproximação ideológica com o regime de exceção da ilha da América Central e a sua condição falida fez surgir à necessidade de justificativa, pelo governo, para evasão de divisas nacionais para o financiamento e manutenção da ditadura. Combinado coincidentemente com a quase única matéria prima de exportação dos irmãos Castros, médicos, fez com que ainda no início desse governo, o povo brasileiro fosse contemplado com doses diárias televisivas de estórias mau-contadas sobre os médicos e o exercício da medicina no Brasil.
Ali está sendo gerado o embrião para o  que vínhamos mais tarde a conhecer como o plano de governo para a saúde no Brasil.
Aproveitando-se do calor das manifestações de Junho/13, o governo apressa-se para realizar o parto a fórceps do seu plano para ajuda a ditadura da ilha e desmantelamento da profissão médica. Promove através de publicidade milionária e em parceria com os empresários da comunicação um verdadeiro desmonte de uma categoria profissional, assim com já havia acontecido em outras circunstancias com outras categorias, como as já citadas e outras, tais como, os bancários que também sofreram o mesmo desmonte pelos donos do capital financeiro sob a batuta dos governos.
A corrupção, ineficiência e ausência do Estado colocam os profissionais que estão na ponta do Sistema como muro de lamentações e pancadas pelos cegos, desassistidos e analfabetos funcionais. Vivemos o avesso da história, da moral e da ética. Estamos marchando na contramão do mundo, sem norte, sem rumo.
Júlio Lima
Médico/Professor