segunda-feira, 26 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Cadê tu, Artur?
Há
exatos 18 anos, a vida promoveu o encontro de 32 jovens cheios de sonhos e
vindos de várias partes do Nordeste em Campina Grande. Foram 6 anos intensos de
convivência.
Juntos
enfrentamos obstáculos, juntos superamo-los e consolidamos o que chamamos de
família da UFPB campus II, turma 96.1.
- E
aí? Escapasse?
Esse
era o código de saudação mais utilizado nessa nossa família, que como toda
família possui os mais exaltados, os mais calados e os que, de forma madura,
tramitava fácil entre todos, assim era Artur.
Não
me recordo um só momento em que Artur protagonizasse algum tipo de desavença.
Ele sempre foi, antes de qualquer coisa, um conciliador.
Através
de seu temperamento calmo e educado, próprio dos sábios, defendia seu ponto de
vista com firmeza e lealdade. Impensável um grito, uma palavra mais dura ou
fria pronunciada pelo amigo.
Talentoso
que sempre foi, idealizou um grupo de forró pé de serra para que nossos
encontros fossem festivos. Ensinou Zabumba a Rodrigo, Sanlio no triângulo,
fabrízio no contra-baixo, Júlio no agogô e Manoel em qualquer coisa ( o importante
era estar lá) e ele, Artur, na sanfona e regência. Isso é que era gostar de
desafios, viu? Por mais impossíveis que lhe parecessem.
Os
ensaios eram nas madrugadas após os estudos nos Studio de sua casa. Assim
nasceu “Artur e o cabras da peste” como ele gostava de dizer.
Esse
fato demonstra a imensa generosidade que ele possuía. A capacidade de agregar,
somar, construir. Demonstra o tamanho de sua solidariedade e disposição para
ensinar o que sabia ao próximo. Demonstra parte de sua grandiosa capacidade de
amar.
Quantas
festas? Anéis do Brejos, onde tudo começou. Quantos encontros?! Sabiás, fuás
nas casas de Cabral, imbalanças, imbalanças, imbalançás... Quantas gargalhadas,
agora silenciadas pela covardia e desamor.
Artur,
estrela que era, tinha a vocação para o brilho e para as alturas, mesmo que com
discrição. E assim, obedecendo a sua necessidade de grandes desafios segue,
como todo nordestino de fibra e valente, para São Paulo e lá se torna Dr. Artur
Azevedo.
Foram
anos de dedicação e perseverança alicerçados pelo amor incondicional de sua
companheira e esposa, Carla Rameri e depois por Tomás, sua cria. Sabendo também
que tudo pelo qual lutava só era possível de ser concretizado por que antes, lá
no começo e em toda sua jornada teve o braço forte e coração sensível e amável
de S. Alvino e D. Vaninha.
Há 4 anos retorna, como
um bom filho sempre faz, para sua gente. Queria ele, de fato, retornar para sua
terra natal, no entanto, ela ainda não o comportava pela complexidade de sua
graduação correndo o risco de ser subutilizado, seguindo então para o Recife.
No
Recife logo conseguiu algum espaço e que ainda iria galgar muito, muito mais,
se não fosse a mão perversa do homem que lhe ceifou a vida, mas que jamais
tirará sua obra, sua grandeza, sua magnitude, sua genialidade.
Artur
está agora ao lado dos bons e do pai, consolado, como nós, pela Virgem Mãe
Sagrada e estará sempre muito vivo para todos que tiveram a felicidade de tê-lo
em seu convívio em algum momento de nossas vidas.
Júlio
Lima
terça-feira, 13 de maio de 2014
E lá se vai Artur...
E
lá se vai Artur... Vai tocar sua sanfona na companhia dos bons. Chegará no céu
devagarzinho, meio calado, meio faceiro, meio sem jeito perguntando aonde está?
Talvez
ainda queira saber, como todos nós aqui saudosos, por que tão cedo? Por que
assim sem nem avisar?
Talvez
alguém lhe diga: Porque sim.
Não!
Não senhores! Fatalidade definitivamente não! Porque sim, certamente não foi.
Artur,
nosso amigo Artur, filho de seu Alvino e dona Evane, pai de família e médico
exemplar na verdade foi vítima da ineficiência e negligência do Estado.
A
morte de Artur é menos um caso de polícia. A agressão sofrida por ele é
resultado da ausência ou ineficiência das políticas sociais do Estado.
Quando
o objetivo é encabestrar o miserável com programas desfigurados à eleitoreiros
e não resgatar o cidadão de sua condição de miserável, pela educação, a
sociedade mostra esse desvirtuamento moral, mostra sua face mais perversa e
insana.
A
banalização do ser humano e sua integridade física e moral deixa de ser um
ponto fora da curva e passa para a média aceitável, ou pior, para a média
negligenciada.
De
Thomas Robes aos nossos dias vivenciamos um crescimento exponencial na
economia, tecnologia e indústria, no entanto, o homem permanece no abissal como
lobo do homem, só que agora com diferenciais de requintes de crueldade, perversidade,
tripudiação.
Se
àqueles que deveriam zelar pela ética falcatruam, àqueles que deveriam zelar
pela lei e fazê-la com isenção prevaricam, àqueles que deveriam considerar
normal o ato correto, o chamam de ingenuidade não temos como exigir daqueles que
vivem na miséria e na certeza da impunidade que tomem atitudes diferentes daquelas
que estamos vendo ultimamente.
O
pai que joga filha do quarto andar ou que se omite no assassinato do filho pela
madrasta, adolescente que mata pai e mãe, transeuntes que lincham uma inocente
sem dó, nem piedade, sujeito que lança vasos sanitários para matar de forma
espetaculosa, um pai de família que ao final de um dia árduo de trabalho e que
deveria ter direito a um descanso é sequestrado e violentamente morto, crianças
queimadas presas a colchões, etc, etc, etc. não são atos isolados da violência
urbana, se não, o reflexo de uma sociedade carcomida pela corrupção e
impunidade.
Perdemos
um amigo para a ineficiência do Estado. A população perde um profissional
extremamente qualificado (doutor em sua área) para a ignorância e crueldade
humana. Uma mãe perde um filho para a cultura da corrupção. Uma mulher perde
seu companheiro para a ausência de educação e, por fim, um filho perde um pai
para a impunidade.
Júlio Lima
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