domingo, 24 de dezembro de 2017

Mais um ano se despede e que venha 2018

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Geração mimimi

O mundo não caminha mais, galopa. O tempo, os espaços agora são motivos insanos de disputa. Os valores morais, as convicções estão sofrendo metamorfose, não mais a cada geração, mas a cada estação.
            Existe uma linhagem de pessoas, principalmente com menos de trinta, trinta e poucos anos, que é a progênie de pais que deixaram suas casas para trabalharem e que se sentiram na obrigação de suprirem as “crianças” com permissividade como compensação de sua ausência. Criou-se, a partir daí, o que chamo de geração mimimi.
            De repente, a nota de um aluno já não podia mais ser publicada em um fanelógrafo por que passou a ser bullying e constrangeria ou levaria o “bichinho”, a “bichinha” à depressão ou até tentativa de suicídio.
            O ser mimimi cresceu individualista, competitivo, arrogante e uma convicção infinita que detém o conhecimento sobre tudo e que sempre está certo em seus argumentos. É sua a última palavra da prosa.
            Penso que não podemos culpá-los, nem tão pouco condená-los, senão resgatá-los (sem ser pretensioso de ser o dono da verdade, claro! posso está completamente equivocado também e, talvez, eu que deva ser resgatado, mas...). O desenvolvimento tecnológico trouxe consigo mudança nos padrões de trabalho, nos relacionamentos interpessoais, novas profissões.
            As sociedades criam seus modelos de “ideal”. O homem há muito deixa de viver no mundo rural aonde geralmente as pessoas são naturalmente espontâneas (espontaneidade raiz), a quem fale alto e com face, vestem-se com simplicidade e organizam-se em grupos com laços fortes de amizade. São lançados nas cidades ou grandes metrópoles onde o modelo business é imposto ao sujeito.
            O comportamento agora é estilo “pronto entrega” com caixinhas padronizadas. Exigi-se mais ”contição”, vestimentas de grife ( independentemente da tribo que o sujeito faça parte), voz baixa, movimentos sempre calculados e relações que não ultrapassam a epiderme e a temperatura dos polos.
            Por vezes me questiono: O sujeito que fala alto é necessariamente agressivo? Quem fala baixo é sempre cortez? A grosseria é proporcional ao volume da voz?
            Quem você chamaria de desequilibrado? Um sujeito que diante de uma indignação lança alto e em bom som um “ vá a puta que lhe pariu” ou um outro que, com muita elegância, lança um “querido”, “amado” com voz baixa, porém com fácie diplégica e dentes cerrados?
            O melindre está na moda e triste de quem não estiver na moda, pois não receberá convites Vips para as rodas e meios sociais dos equilibrados.

Júlio Lima