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Fonte: Internet |
Somos de uma geração que foi forte o suficiente
para acabar com a ditadura, lutar por liberdade e gritar por direitos.
Hoje, na medida em que, por um lado, parece-nos
que estamos à beira de um novo golpe aos moldes bolivarianos e assistimos de
camarote a execução de uma política mais do que equivocada, incompetente e que
está fazendo o Brasil perder a veia do crescimento. Por outro, assistimos de
camarote e inertes, os banqueiros e as elites lucrarem como nunca. Privatizações
para estrangeiros do pré-sal e rodovias, por exemplo, lembram-me de políticas
antes combatidas por quem hoje é governo.
Na saúde está em execução uma política
catastrófica e desrespeitosa ao cidadão comum brasileiro. Na educação, somos
piada para o mundo e vemos a marginalização dos professores pelo governo.
Essa presidente que me parece sem vontade
própria e sem coragem para romper com os que se dizem promotores de sua chegada
à principal cadeira do país não está percebendo que seu partido está lhe
assessorando da pior forma possível e lhe estimulando a tomar as medidas mais
descabidas e está afundando seu governo?
O medo
não a deixa enxergar que o povo foi quem a colocou onde está e não seu partido
atolado até os olhos em corrupção e falcatruas.
Dentre as mais descabidas atitudes desse
governo, podemos citar a organização de um ministério podre, na sua maioria –
Afif Domingos e Padilha que o digam; conflito com o judiciário; priorização na
construção de estádios em detrimento a um socorro efetivo às vítimas da seca
nordestina; política econômica sem transparência e sem confiança; programa de
privatização que está prestes a entregar o pré-sal aos estrangeiros e sem
regras definidas e editais sem valor, além do programa “mais médicos”.
Não entendo, alias, entendo só não
aceito a apatia da sociedade a tudo isso. Não temos oposição séria com um
projeto diferente. No máximo, temos oportunistas midiáticos querendo ser o
próximo mamador das tetas dessa terra. Vide união no mínimo estranha entre
Eduardo Campos e Marina Silva
A copa
das confederações foi uma afronta ao povo brasileiro. A farra da gastança foi
absurda. Tudo pago com o nosso suor. Sinceramente não temos nada para
comemorar. O título teve sabor de fel. Não quero ser campeão em besteira. Quero
ser campeão em qualidade de vida. Nesse jogo. Perdemos feio.
Quanta hipocrisia, quanta palhaçada, quanta
mediocridade observarmos esses políticos filhos do coisa ruim, baixaram as
passagens de ônibus e trem em todas as cidades no Brasil por causa das
manifestações, como se essa fosse a questão.
Procuram sufocar, diminuir, desqualificar a voz
das ruas que gritou: CHEGA DE CORRUPÇÃO, DESMANDOS E INCOMPETÊNCIA. QUEREMOS
SAÚDE (não apenas médicos), EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E MOBILIDADE. A mudança só virá
quando o povo invadir os salões aonde a farra desses políticos de TODOS OS
PARTIDOS é farta e às nossas custas.
Como não sou economista, advogado e não recebo
o bolsa família, falarei especificamente sobre a política desse governo para a
saúde. Até gostaria que outros profissionais fizessem uma leitura sobre essa
atuação em sua profissão ou área de trabalho para um debate mais amplo.
Em relação à saúde, a obrigação do oferecimento
desse serviço à população é do governo e não dos médicos. Médico não é
curandeiro, nem mágico. Médico faz ciência, não pirotecnia. Médico necessita de
condições favoráveis de trabalho para conseguir tratar o paciente. A cura pode
ou não ser alcançada, pois exerce uma função de meio e não de fim e nem sempre,
para se dar o diagnóstico de uma patologia, é necessário despir e palpar o
doente. A Presidente Dilma muda seu discurso, agora mais eleitoreiro e menos
visceral, no entanto sem alterá-lo em essência.
O país, no final do semestre passado, borbulhou
em protestos. Congresso, judiciário e executivo colocados contra a parede, no
entanto, viraram as costas, tamparam os ouvidos, emudeceram-se e se fizeram de
autistas às reivindicações da sociedade.
Fazem-se necessário que haja uma verdadeira
política para a saúde. Mudanças profundas com respeito ao usuário, fomento à pesquisa, ensino e valorização de
todos os profissionais que nela trabalha.
Uma grande amiga me questionou porque só agora
os médicos levantaram a voz para denunciar a situação da saúde pública no Brasil?
Os médicos, no meu entendimento,
têm uma grande parcela de culpa em tudo isso. Assistiram a situação chegar aonde
chegou, em parte, por omissão em mostrar para
sociedade a realidade que sempre enfrentou no seu exercício laboral. E quando
um ou outro levantou a voz e tentou mostrar a situação dos pacientes e
condições de trabalho não encontrou o eco dos pares.
Esse
problema vem de longe. A diferença é que os outros governos tiveram seus
discursos demagógicos colocando sempre a culpa em seus antecessores, com isso,
os médicos mantiveram-se quietos e a sociedade enganada .
No
entanto, com esse governo, a presidente não pode colocar a culpa em seu
antecessor, pois é colocar a culpa em seu padrinho político e mentor do seu
governo e nela própria, pois ela era governo também.
Sem
saída, o governo joga a culpa de um descaso centenário e de todos os governos
na classe médica, pois precisava dar uma satisfação às ruas e colocar em
prática um acordo já firmado há tempos para emissão de divisas de nosso país e
nossa gente como patrocínio da ditadura Castrista aonde o “dinheiroduto” seria a saúde.
No
instante que foi acusada, a classe médica resolve colocar a boca no mundo,
mostrar e dizer para sociedade que a coisa não é bem como ela (Dilma e os seus)
conta e começa mostrar que a incompetência, descaso, ineficiência,
perversidade, dolo é do governo e não da classe médica. No entanto, já era
muito tarde. Os gastos com propaganda, a mídia governista que há tempos
encabeça uma campanha contra os médicos em seus programas, novelas e jornais, o
congresso, também com maioria governista, de joelhos e obediente, quando conveniente,
às PEC’s presidenciais e um judiciário desfacelado pelo executivo faz com que a
sociedade se volte contra a classe médica.
O ódio
que vi nas redes sociais contra a classe médica dá uma excelente tese de
mestrado ou doutorado: O dia em que a classe média, que não é usuária do SUS, demonstrou
todo seu ódio contra aquele que, em tese, detém poder sobre sua vida.
Até solicitaria aos que odeiam médicos,
principalmente os que possuem plano de saúde e não são usuários do SUS, nem nunca
visitaram um desses lugares que evitem destilar seu ódio defendendo o governo e
atacando os médicos. Na verdade, estes lutam por melhorias das condições de
trabalho e, dessa forma, quem ataca a classe médica por algum rancor pessoal
está impedindo possíveis melhorias nas instalações, equipamentos, medicamentos
disponibilizados, acesso às tecnologias e a presença de uma equipe completa com
todos os profissionais da saúde em um posto ou Hospital do SUS. Claro que se luta
também por bom salário, direitos trabalhistas e carreira de Estado, mas a luta
dos médicos não se limita a isso.
Vi com muita tristeza a vitoria da hipocrisia. Sentenças
judiciais favoráveis à prática da medicina por estrangeiros que não cumpriram
todas as etapas exigidas para quem faz o curso em outro país. Pior, obrigando
os conselhos a cederem registros àqueles que nem comprovação de que realmente
são médicos trouxeram em suas bagagens de tanta “solidariedade”. Na prática, o judiciário,
também de joelhos, negou a dignidade para o brasileiro comum.
O
governo lança um programa aberrante e de cunho exclusivamente eleitoreiro aonde
estratifica a população brasileira da forma mais perversa que existe, com
descaso sobre sua saúde e sua existência como cidadão. Para os "homens da
corte”, Sírio Libanês com os melhores médicos
brasileiros formados no Brasil e com acesso à tecnologia de ponta. Para o
"homem comum”, excelentes médicos brasileiros formados nas boas
universidades do Brasil com algum acesso às tecnologias de ponta ( são os
cidadãos do litoral e grandes cidades que podem pagar um plano de saúde). Para
os "homens desprezados” dos rincões brasileiros, médicos estrangeiros sem
comprovação de qualificação e bons médicos brasileiros, porém refém- formados,
inexperientes e sem acesso a qualquer tecnologia, ou mesmo, mínimas condições
de trabalho.
O que
mais me entristece é ver a sociedade lavar as mãos como fez Pilatos e querer se
enganar e fazer vista grossa para tal aberração com o argumento vil de que o
sertanejo agora também terá médico. Como se para ele isso bastasse!
Lembro-me do espanto com que recebi, por meio
do Jornal nacional, a notícia do convênio Brasil – OPAS – Cuba. Era anunciada
em rede nacional e em horário nobre que o governo brasileiro estava importando
ESCRAVOS, Isso mesmo minha gente, escravos, pois pagará o salário ao “miserável”
do médico que virá (provavelmente forçado) de Cuba. O Valor do salário (10mil)
será pago ao governo de Cuba que decidirá quanto pagará a esses senhores. O que
diferencia isso do tráfico de pessoas? O governo de Cuba é o CAFETÃO, o governo
Brasileiro, O CLIENTE e os médicos, pra variar, AS PUTAS.
Quando me formei em Medicina, fui trabalhar no
Distrito de Brejo Grande em Santana do cariri na Chapada do Araripe Cearense.
Era responsável ainda pelos distritos do Pontal e da Conceição. Foi o ano mais
feliz de minha vida profissional.
Tínhamos além dos
atendimentos e visitas domiciliares diárias, grupos de idosos, adolescentes,
gestantes e infantis com reuniões frequentes. Fazíamos passeios com esses
grupos, além de festas organizadas pelas comunidades.
Conseguimos
fazer uma farmácia de plantas medicinais com mais de 100 tipos de plantas
diferentes onde qualquer pessoa da comunidade tinha acesso e o conhecimento
sobre tais plantas era compartilhado por todos.
Com certeza, como sertanejo que sou, passaria
o restante de minha vida realizando àquele trabalho que acreditava e amava. No
entanto, não fiquei. Por quê?
Por que
sou mercenário que quero muito dinheiro? Por que quero morar num grande centro
com sérias dificuldades de deslocamento, violência e relações interpessoais nem
sempre fáceis?
NÃO, Não!
Tive uma partida difícil daquelas comunidades e o fiz por culpa única e
exclusiva do GOVERNO que não me deu alternativa, pois sempre desvalorizou o
médico da atenção primária. Não oferece condições para uma medicina minimamente
possível. Não oferece nenhuma segurança trabalhista.
O médico do interior fica a mercê e refém do
humor e da vontade dos prefeitos e secretários de saúde, nem sempre honestos.
Qualquer parentalzinho de autoridade local dá carteirada exigindo prioridade,
quando não, exclusividade. Além da ausência de condições de resolubilidade de
patologias simples e de referenciar os casos mais graves.
Hoje vejo com muita tristeza esse teatro
patético desse governo que, com fins eleitoreiros e de evasão de divisas para
financiar uma ditadura, realiza um verdadeiro desmonte de uma profissão.
Mais
triste ainda é ver a maioria das pessoas se “lixarem” para isso por que não é
com elas.
Mais
triste ainda, fico quando vejo muita gente defender uma ditadura (seja de que
ideologia for), aceitar o trabalho escravo como algo normal.
Não
consigo ter outro sentimento a não ser o da solidariedade por esses
semi-escravos, obrigados até proferir discurso ufanista.
Resta uma
tristeza profunda por ver minha gente apenas como manobra eleitoreira e infame
de um projeto vil de poder e a percepção de que a sordidez tomou conta do país.
Estamos descendo ladeira a baixo. O país está à
deriva e o povo letárgico, insone.
O governo deu um “boa noite cinderela” no povo
através dos programas assistencialistas e em boa parte da classe média, através
da mídia.
Só ignorante não ver que o governo enriquece
cada vez mais as elites e oferece migalhas a quem realmente sustenta essa
pirâmide.
Não vejo
política pública séria em nenhum setor do governo. Há camuflagem e alteração de
dados econômicos levando a desconfiança do mercado, nossos professores tratados
como bandidos, política externa patética que fala grosso com os Norte-americanos,
não que estejam corretos, mas aceita desaforo da Bolívia que nacionalizou
empresa da Petrobras e calote da Venezuela, no caso da refinaria em Pernambuco.
O que se
observa é uma grande colcha de retalhos aonde sobra incompetência, corrupção e
desejo de tornar o Brasil numa ditadura bolivariana.
Júlio Lima
Médico e professor