terça-feira, 22 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Em que crise vivemos?
![]() |
Imagem extraída da internet |
Isso mesmo. Qual a saída? Alguém aí sabe? Dizem que no
Brasil existem 240 milhões de técnicos de futebol. Quantos são os sabidos em
economia? Em gestão pública? Em estratégia de negócios? Em fórmulas mágicas
para enfretamento de crises? Em lições de casa? Quantos são os que ainda não
perderam o brio, a vergonha, a moral e a capacidade de se indignar diante do
absurdo, do mal feito e do inescrupuloso e doentio jeitinho brasileiro?
Acostumamo-nos sempre reclamar em atacado e sermos
tolerantes, coniventes, ou até, atores quando a imoralidade é no varejo. Levar vantagem é a ordem do dia, é a meta a
ser seguida. Comprar um bem, contratar um serviço, fazer uma consulta em
qualquer área do conhecimento tornou-se uma jogada de dados, aonde o sujeito
tem apenas uma chance, dentre muitos procurados, de encontrar honestidade.
Muitas são as possibilidades de que se encontre alguém que deseja fazer do
outro, a presa do dia, a carne fresca, a refeição farta e fácil, seu meio de
vida.
Por onde andarás Dona Gentileza? O Sr. Respeito? A Sra.
Educação doméstica? Dona gratidão? Será que de tanto desgosto morreram? Ouvi
até dizer que com a tristeza e desgosto que lhes tomaram, encontram-se
internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e em estado muito grave.
Filhos desrespeitando pais e mães por reflexo do desrespeito
que recebem com suas ausências e desamor ou “amor” material adquirido na grife
mais próxima. Jovens se agredindo mutuamente, nóiados de tanta lombra,
invisíveis aos olhos do Estado, vorazes e perversos contra quem não pertence a
sua tribo.
Adultos
infelizes com a profissão, com o (a) parceiro (a), com o salário, com o
ambiente de trabalho, com a insegurança nas ruas, em sua casa. Escravos em sua
grande maioria, escravos dos desejos não consumados, escravos dos poderes não
detidos, dos objetivos não alcançados, dos bens não acumulados, dos olhares dos
demais, em fim, escravos de si mesmos, mas principalmente, escravos dos bossais
que n’uma jogada de ficha, n’um lance de cartas no mercado financeiro causam
avalanche de terror, angústia, ansiedade, depressão, frustração em gotas
diárias em sua vida. Sua vida? Sua? A quem você acha que pertencem seus
melhores anos? Quem controla o humor que você estará quando encontrar os seus
ou os amigos nos três períodos do dia? Por acaso, já paraste para tomar um café
pensando nisso? Quem realmente comanda sua valiosa vida? De qual (quais)
senhores é escravo?
E
os mais velhos? O que dizer dos idosos? A Medicina e as Ciências Humanas e
Sociais com suas capacidades para contornarem ou até mascararem as sequelas e o
que lhes causaram, causam tanta dor física, mental e espiritual tentam fazê-los
acreditar que estão na “melhor idade”. Cá para nós, seria cômico se não fosse
trágico vender esse peixe, essa ideia maluca de “melhor idade”, penso eu. Em
que parte, no país que vivemos, é bom ser idoso? (ás vezes custa-me muito ser
politicamente correto, traz-me uma sensação terrível de hipocrisia, mesmo sendo
grosseiro sem intencioná-lo ser). O desrespeito ao cidadão a partir dos sessenta
janeiros é algo institucionalizado nesse país. O governo é seu principal algoz que
o trata como estorvo. Adjetivos não colocam pão na mesa, nem trás dignidade a
quem deu sua mão de obra e força para construção desse país tão maltratado.
Talvez amenize a dor, talvez!
Não
sei se Dona Gentileza, Sr. Respeito, Sra. Educação doméstica, Dona gratidão deixarão
a UTI e sobreviverão aos dias atuais, às doses diárias nas nossas veias, com
direito a acesso central, de desamor, individualismo, desonestidade e cegueira
generalizada para enxergar o outro como continuação de si.
De
quem depende mudar um destino? Que forças ou estímulos são necessários? De
certo mesmo é que estamos vivendo, mais do que um período de crise financeira
no país, em uma sociedade doente com sérios danos aos preceitos da boa
convivência. Nessa feira de horrores há escassez de valores dos mais simples
aos mais complexos. Se pararmos um instante, se quer, diante do espelho e nos
perguntarmos por que estamos apanhando tanto, enquanto indivíduo e enquanto
sociedade, saberemos certamente responder. Rever escolhas, mudar de atitude,
trilhar seu próprio caminho requer mais que vontade, requer coragem, muita
coragem, além de amor próprio e ao próximo.
Júlio Lima
Médico/ Professor
Assinar:
Postagens (Atom)