![]() |
Imagem: Internet |
Homos sapiens: a batalha no ano da estrela de Belém
2020
foi um ano propício ao aprendizado e, como tal, ele não nos chega de maneira
fácil, senão, também pela dor. A segunda metade dessa década (desde 2016) foi
marcada por mudanças radicais em todo o planeta.
O
individualismo Romano (pré-cristão), um cristianismo antigo-testementário, um
saudosismo à práxis da idade das trevas, a ufanização de práticas desumanas
vistas na era Mussolínica e Hitleriana, a distorção de fatos, assim como, a ausência
de compreensão deles fizeram com que deixassem do submundo do obscurantismo
verbos, gestos e condutas que se pensava, até bem pouco tempo, enterradas pela
humanidade.
Retornamos
à caverna Platônica e muitos passaram a vislumbrar um mundo projetado de
maneira distorcida pelas sombras geradas pelo fogo da ignorância e do desamor.
Muitos, muitos passaram a enxergar um mundo e realidades completamente
diferentes. A curuminha retornara a escuridão do ventre. Um ventre podre,
fétido de ambiguidades, mentiras e ódio abundantes. Um ventre ganancioso, ávido
por encarcerar para sempre, o que seria a luz, a liberdade, os valores e
sentimentos humanistas.
A
caverna de Platão, o útero obscurantista encontrava-se repletos de casulos que
nesses tempos eclodiram. Líderes amorais e insanos dão voz e representatividade
a uma massa de caverdianos que, sentindo-se espelhados e, principalmente,
encorajados, eclodem e saem do armário, pois ali era, é, o mundo, a verdade que
os alimenta, os fortalece, os une.
Quem
ousa ou consegue sair da caverna, já não volta mais, pois como dizia Socrates à
Glauco, seus pares os julgarão como loucos.
No
entanto, o mundo externo e a caverna estão sujeitos às mesmas leis da natureza
e, nesse fatídico 2020, ambos habitantes desses “lugares” são contaminados por
uma nova praga, o Coronavírus.
Enquanto
o mundo externo tenta desvendar os segredos desse novo vírus, os caverdianos
negam sua importância e letalidade. Enquanto o mundo externo se preocupa com o bem-estar
das pessoas, os caverdianos lutam para que nada mude, pois os braços que
produzem não podem parar.
A
ausência de luz contida no íntimo de cada caverdiano e a distorção da realidade
traduzida na imagem criada pela penumbra da fogueira Platônica, em detrimento
dos que vivem naturalmente no mundo externo, faz com que o corona vírus ( não
sua infecção, mas sua existência), em 2020, exponha duas subespécies de Homo
sapiens que habitam o mesmo planeta Terra. Compartilham a mesma família, a
mesma sala de aula, o mesmo escritório, a mesma praça e até a mesma cama.
2020
tentou, a seu modo, dá-nos tempo para a reflexão, a introspecção, a mudança.
Seu veículo, o vírus, fechou igrejas, templos, terreiros, mesquitas, sinagogas,
empresas, casas de espetáculos e shoppings. Mandou todos para casa, tudo isso
para nos dá a oportunidade do aprendizado. Um número exorbitante de pessoas
sentiu a doença em sua face mais perversa, outros milhares ficaram órfãos de
parentes, amigos, conhecidos, ídolos. Ninguém esteve imune, no entanto, muitos,
muitos preferiram ver tudo através da fumaça que produzia a distorcida sombra.
E, por não entrever, permaneceram na negação, na afronta, no confronto. Sem
nada distinguir pela quimera na caverna. Avistavam apenas seus umbigos
inundados de ódio, rancor, agressividade e incapacidade de se albergar no lugar
do outro.
No
entanto, “o pulso ainda pulsa”, a luz ainda brilha e, mesmo a despeito de tanta
iniquidade, muitos, muitos, muitos, muitos outros sabem que “ a canção não está
perdida” e a alma vibra com fervor.
A
fé em Deus, nos Orixás, em Buda, Maomé, nos Astros, na vida, a fé que “não
costuma faiá”, os mantém fortes e combativos. Fazem da esperança, o caminho; da
coragem, a condição; da solidariedade, a concórdia; e do amor, o combustível
para seguirem em frente.
Há
quem diga que mesmo os bons, sem fé, saem em desvantagem para a batalha
cotidiana entre o mundo externo e os “habitantes” da caverna. A oração, o
mantra, a meditação são as munições nessa contenda.
Esse
ano finda e um novo há pouco rebentará. Navegar é preciso, viver é fundamental.
Começar,
recomeçar, poder contar com o outro e se fazer disponível... valerá a pena toda
a luta, toda dor, toda virada de mesa, todo conhecimento colhido, toda
rebeldia, toda noite mal dormida, toda ansiedade vivida, toda introspecção, ter
se conhecido e, por fim, ter sentido todo o ar respirado.
Que
a lembrança do nascimento do verdadeiro Cristo e as manhãs do ano sequente nos
tragam a luz, cada vez mais brilhante, de um brilho tão intenso que inundam as
mentes e os espíritos no mundo externo, assim como, e principalmente, no
buraco-soturno.
Que
as sombras sejam dissipadas e as cores refratadas façam todos perceberem que
mesmo sendo indivíduos, são unidades imprescindíveis para a boa função do todo,
e que, para serem completos, necessitam uns dos outros, enxergando em cada
irmão, a si.
Que
o verdadeiro Cristianismo, tais como, os verdadeiros ensinamentos e exemplos
deixados por Jesus Cristo sejam observados, propagados e reproduzidos.
Júlio Lima
Médico/ escritor
Simples assim, orgulhosa de você, vamos caminhando é fazendo nossa parte por um mundo com mais humanidade, carinhosamente.
ResponderExcluir