segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cadê tu, Artur?

           
            Passaram-se 7 dias dias desde que Artur Eugênio foi chamado para uma urgência no céu como disse Carla Rameri. Só não passa a saudade, o hiato, a ausência que teima em doer.
            Há exatos 18 anos, a vida promoveu o encontro de 32 jovens cheios de sonhos e vindos de várias partes do Nordeste em Campina Grande. Foram 6 anos intensos de convivência.
            Juntos enfrentamos obstáculos, juntos superamo-los e consolidamos o que chamamos de família da UFPB campus II, turma 96.1.
            - E aí? Escapasse?
            Esse era o código de saudação mais utilizado nessa nossa família, que como toda família possui os mais exaltados, os mais calados e os que, de forma madura, tramitava fácil entre todos, assim era Artur.
            Não me recordo um só momento em que Artur protagonizasse algum tipo de desavença. Ele sempre foi, antes de qualquer coisa, um conciliador.
            Através de seu temperamento calmo e educado, próprio dos sábios, defendia seu ponto de vista com firmeza e lealdade. Impensável um grito, uma palavra mais dura ou fria pronunciada pelo amigo.
            Talentoso que sempre foi, idealizou um grupo de forró pé de serra para que nossos encontros fossem festivos. Ensinou Zabumba a Rodrigo, Sanlio no triângulo, fabrízio no contra-baixo, Júlio no agogô e Manoel em qualquer coisa ( o importante era estar lá) e ele, Artur, na sanfona e regência. Isso é que era gostar de desafios, viu? Por mais impossíveis que lhe parecessem.
            Os ensaios eram nas madrugadas após os estudos nos Studio de sua casa. Assim nasceu “Artur e o cabras da peste” como ele gostava de dizer.
            Esse fato demonstra a imensa generosidade que ele possuía. A capacidade de agregar, somar, construir. Demonstra o tamanho de sua solidariedade e disposição para ensinar o que sabia ao próximo. Demonstra parte de sua grandiosa capacidade de amar.
            Quantas festas? Anéis do Brejos, onde tudo começou. Quantos encontros?! Sabiás, fuás nas casas de Cabral, imbalanças, imbalanças, imbalançás... Quantas gargalhadas, agora silenciadas pela covardia e desamor.
            Artur, estrela que era, tinha a vocação para o brilho e para as alturas, mesmo que com discrição. E assim, obedecendo a sua necessidade de grandes desafios segue, como todo nordestino de fibra e valente, para São Paulo e lá se torna Dr. Artur Azevedo.
            Foram anos de dedicação e perseverança alicerçados pelo amor incondicional de sua companheira e esposa, Carla Rameri e depois por Tomás, sua cria. Sabendo também que tudo pelo qual lutava só era possível de ser concretizado por que antes, lá no começo e em toda sua jornada teve o braço forte e coração sensível e amável de S. Alvino e D. Vaninha.
Há 4 anos retorna, como um bom filho sempre faz, para sua gente. Queria ele, de fato, retornar para sua terra natal, no entanto, ela ainda não o comportava pela complexidade de sua graduação correndo o risco de ser subutilizado, seguindo então para o Recife.
            No Recife logo conseguiu algum espaço e que ainda iria galgar muito, muito mais, se não fosse a mão perversa do homem que lhe ceifou a vida, mas que jamais tirará sua obra, sua grandeza, sua magnitude, sua genialidade.
            Artur está agora ao lado dos bons e do pai, consolado, como nós, pela Virgem Mãe Sagrada e estará sempre muito vivo para todos que tiveram a felicidade de tê-lo em seu convívio em algum momento de nossas vidas.
 Júlio Lima


2 comentários:

  1. Com certeza Dr Artur está ao lado do Nosso Pai Celestial, ladeado pela Mãe Santíssima, cumprindo agora uma outra missão, velar pelos que o amavam aqui na terra. Seus familiares na saudade de sua ausência sentem sua grande falta, pelo ser maravilhoso que era, porém acreditamos que o conforto será mediante o que Artur construiu nesta sua breve passagem, e está edificada nas expressões de pesar de todos os amigos e pacientes que tiveram a grande benção de conhece-lo e fazer parte de sua vida terrena, preparando-o para sua vida plena lá no Céu. Que Deus te dê a Luz Perpétua e o Divino Espirito Santo o resplendor e conforto para seus familiares.

    ResponderExcluir
  2. Emocionado com o que li, me resta lamentar pela perda de um homem bom. Abraço amigo!

    ResponderExcluir