quarta-feira, 20 de julho de 2011

VIVER OU EXISTIR

 
                        Viver não é uma das atividades mais fáceis de realizar. Saber viver, então, nem se fala. Muitas pessoas na realidade apenas existem. Não sabem a que vieram e, sabe de uma coisa? Nem estão preocupadas nesse conteúdo ou não têm consciência que pode haver algo além da simples existência.
                        Viver é muito mais complicado. Requer atributos inatos, que em alguns existentes estão atrofiados pelo desuso, além de atributos adquiridos a cada janeiro vivido.
Poderíamos empiricamente listar como atributos inatos: capacidade para desenvolver a sensibilidade, a gentileza, o perdão, a inteligência emocional para o bom convívio com os demais seres e a natureza, entre outros.
Os atributos adquiridos,ao meu ver, dependem de alguns fatores mais específicos, os quais farão a grande diferença durante a vida do homem, muitas vezes, determinando seu lugar na família, comunidade, sociedade ou até na história. Poderíamos listar: clã de origem, religião de escolha ou imposta, país onde nasceu, momento histórico e por aí vai.
Lembremos que para Jean Jaques Rousseau, o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. Mas quem a constituiu, se não os homens? Se considerarmos as diferentes raças humanas cada uma com características sociais que lhes são peculiares?
Poderíamos imputar a formação das sociedades como as conhecemos hoje à preservação das diferentes raças humanas.
Algumas vezes, a humanidade teve que lutar contra as idéias de Darwin, interpretadas inadequadamente por representantes de algumas nações, onde algumas raças ao invés de terem sido subjugadas bélica e moralmente, poderiam ter sido dizimadas definitivamente pelos mais “fortes e aptos” na luta, não pela sobrevivência, mas pelo poder e riquezas existentes em nosso planeta.
Viver requer bom senso, uso coerente de seu aparelho de julgamento, ética com os pares e com a humanidade e a natureza.
                        O imposto que a vida cobra pela aquisição do aprendizado sobre como viver não é pequeno, porém o investimento que se faz, com certeza ainda vale a pena.
                        A construção das sociedades foi, é muito importante para a evolução organizacional e tecnológica da humanidade; porém, a imposição na forma e no estilo de viver, feita pelo modelo socioeconômico vigente em determinada época, favorece ao desenvolvimento da “matrix” social. Dessa forma, Contribui pouco, nada ou negativamente para a evolução natural dos aspectos emocionais e espirituais dos indivíduos e de como eles podem efetivamente viver.
                        A passagem da infância para fase adulta tira do indivíduo o riso fácil, a espontaneidade, a verdade sem subterfúgios, diminui sua capacidade de recuperação diante das frustrações, de fazer amigos e de mostrar-se confiável e confiante diante do outro.
                        Ser adulto na “matrix” social criada pelo homem é ser refém das exigências, imposições e controle oficial ou do inconsciente coletivo, realizado pelos órgãos ali constituídos e que marcham, muitas vezes, em direção contrária ao crescimento individual.
                        O “corpo” social se faz viril à custa do padecimento da sua unidade celular básica: o homem.
                        Se fizermos um comparativo, mesmo que subjetivamente e sem o rigor do estudo científico milimétrico; entre a evolução econômica, tecnológica, acúmulo de riquezas, organização social e até comunitária, e o crescimento de valores altruístas de solidariedade, gentileza, afeto e ética do ser humano individual ou coletivamente, teremos uma grande impressão, mesmo que subjetiva, de uma considerável diferença exponencial a favor dos primeiros. As riquezas mundiais se multiplicaram, enquanto o homem continua ceifando a vida de um par por motivos banais.
                        Estamos entrando no terceiro milênio e perfazemos mais de seis séculos de hegemonia do pensamento crítico e científico. A idade média, conhecida como idade das trevas foi assim condenada por sua “estagnação” na evolução econômica da humanidade.
                        Não quero e nem posso negar o benefício que é uma expectativa de vida próxima de cem anos, em algumas sociedades, as facilidades de deslocamento e informação, o conforto que hoje gozamos, frutos do raciocínio e rigor metodológico. Não proponho o retorno aos feudos.
                        No entanto, proponho uma discussão: Não estaria na hora de fazermos com que a ciência, hoje preconceituosa, vaidosa e arrogante, buscasse contribuir, não apenas para o crescimento das nações, mas também, para acelerar descobertas sobre formas de garantir que os atributos inatos sejam utilizados por todos  em benefício do todo e do planeta?. Dessa forma o homem deixaria de ser apenas fragmentos descontínuos da sociedade.
                        Não falo de psicologia com explicações técnicas das sensações humanas. Falo de encontrar maneiras que estimulem a gentileza, como um bom dia entre pessoas ao se encontrarem, solidariedade com a dor e dificuldade do outro, do amor franciscano e não do que barganha (se te ofereço, quero em dobro), da ética em casa e no trabalho, da libertação dos preconceitos, aprendendo a conviver bem com as diferenças entre os pares, ou mesmo, com os diferentes.
                        Até quando teremos nações ricas, organizadas e eficientes com pobres homens bárbaros.



Júlio Lima
Professor
Médico ortopedista/traumatologista












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3 comentários:

  1. "Porventura não é este o jejum que escolhi que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desabrigados. Então romperá a tua luz como alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma ao aflito, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia".
    Concordo plenamente com o sr. Dr. ortotraumato,

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  2. Ei macho véi, é teu primo Alex.Gostei muito do blog. Visita o meu que já vou seguir o teu. Abraços, muita paz e fica com Deus!

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  3. Você fez uma ótima descrição da história da humanidade e como esta chegou ao atual estado de fragmentação e prisioneira da poderosa Matrix. Mas quem poderá nos salvar? Não creio que algo externo o fará. Mas penso que, se cada um fizer sua parte, em busca da libertação, então ainda há uma esperança. Você é uma prova disso, pois a reflexão é o começo da libertação. Parabéns primo e que Deus continue te iluminando e guiando sempre!

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