No dia de minha morte despertarei disposto e tranqüilo.
Tomarei um café da manhã com sabor de infância feliz. Vestirei uma roupa leve e sem camisa. Estará chovendo. Darei a mão à chuva e dançarei consigo.
A água que alimenta, também equilibrar-me-á os humores, removerá a tristeza, eliminará o restim de melancolia, os nãos rejeitados, os sins infelizes, os por quês não explicados.
No dia de minha morte viajarei pelas mais belas paisagens terrestres e planetárias; comerei sem preocupação com o açúcar ou o colesterol, e cantarolarei rouco, desafinado e firme... em voz alta, claro!
A água que do céu viaja trará consigo a força antípoda da energia do fogo que me faz queimar, arder de satisfação por ter vivido, sentido e encontrado com quem convivi, por quem senti e compartilhei fluídos quânticos de prazer e/ou idéias, conduzindo-me a excelência de ser homem que faz de seus medos, a arma mais combativa e eficaz, na caminhada terrena.
Esse fogo que tanto me aquece o coração, por tantas e tantas vezes, conduzindo a lançar-me sem escrúpulos moralistas, ao sabor do não, bem aceito, do sim, certeiro, sem explicações vis.
Esse fogo em mim aceso pelo vento norte, vento sul, vento de todas as direções e que me aproxima dos pássaros, fomentando diuturnamente em mim, vivendo e degustando o sentimento que mais amo e venero – a liberdade!
No dia que eu morrer, quero cinzas de mim. As cinzas? Que sejam distribuídas nos banquetes dos corruptos, insensatos e maus de coração tirando-lhes a risada falsa, a alegria maldita, a volúpia infame.
Noutra parte, entreguem-lhes nos braços do mar, no colo de Iemanjá onde repousarei.
O tiquim que sobrar, juntem-nas as sementes de flanboyants e as semeiem nos solo de minha terra querida, perto de minha gente e dos meus.
No dia de minha morte, quero festa. Sanfona, zabumba e triângulo tiniiiinndo.
Aos presentes, bolo de puba, milho e batata doce. Para não engasgar, suco de qualquer coisa.
Não deixem faltar cachaça da branca e da amarela, esta última, curtida no carvalho.
Aos amigos de vida, peço apenas um brinde com os dizeres: - Pense n’um caba arretado!!!!
A morte é a primeira gota de vida, é o passo seguinte, é a renovação diária, é o que afasta da ignorância, da estagnação e da inércia; é aprendizado, é maturidade, é sabedoria.
A morte é quem dirige o belo espetáculo da vida.
Júlio Lima
Médico/Professor
Julinho vc é 10, amei seu Blog
ResponderExcluirBjs
Vera Auda
Vc é um verdadeiro nordestino arretado heim meu primo?! Que não sei se é por não temer a MORTE, ou tentar acostumar-se com ela. Mesmo assim nunca escaparemos dela, podemos até driblar, más nunca escapar! Admiro esse seu geito sincero de ser!
ResponderExcluirUm abração do seu primo e amigo, ROGEAN!
tem que ter mente iluminada como voce pra pensar desse geito voce é grande poruqe é humilde e simples parabéns pelo proficional que vc é.
ResponderExcluirpoeta biu salvino.